ESPECIAL: Cooperação na Cafeicultura

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CAFÉ (Edição 46 – Julho 2021)


Entidades cooperativistas do Espírito Santo contribuem para ascensão desta atividade econômica e social

Um dos setores mais importantes para a economia capixaba é o cafeeiro. E para auxiliar os produtores de Norte a Sul do Estado, foram criadas há anos as cooperativas capixabas, que prestam diversos serviços de apoio ao produtor rural, desde preparo da terra, assistência técnica até a comercialização do café.

Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel)

Uma das cooperativas mais importantes que presta essa assistência ao produtor, está localizada no Noroeste do Espírito Santo, em São Gabriel da Palha: é a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel, Cooabriel, maior cooperativa de Café Conilon do Brasil. O presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, ressaltou que falar da cafeicultura sem o cooperativismo é desassociar uma coisa da outra, já que são duas coisas muito íntimas, ligadas. “Aqui nós prestamos um serviço diferenciado ao cooperado, do que eles fariam apenas como comerciante. Ele só precisa de ter a boa vontade de fazer a produção e a área de terra para plantar, o resto a cooperativa faz, pois cuidamos desde o início mesmo, quando damos a opção de encaminhar um técnico para orientar o produtor sobre como fazer a lavoura de café correta em relação à irrigação, ao solo, ao plantio, aos fertilizantes… Então todas orientações iniciais esse nosso técnico faz. Nós temos também os técnicos que ficam à disposição do cooperado em um laboratório de análises clínicas onde são feitas análises de solo, foliar, água e o que for necessário. Nós fornecemos ainda adubo, os defensivos, os fertilizantes, tudo em equivalência do café”, ressaltou.

Ainda de acordo com Bastianello, a Cooabriel tem uma modalidade de fomento da atividade do café que nenhuma cooperativa tem ou pratica. “O cooperado quando traz o café pra cooperativa, adquire um percentual sob o café que ele armazenou, pra já fazer em equivalência café para o ano seguinte, aí ele já compra adubo, defensivo, máquina, equipamento que precisa, e converte no momento que ele faz aquela operação em café. Se ele pegou 100 sacas de adubo e isso deu 20 sacas de café, no momento que ele põe o adubo, ele já celebra o contrato e entrega o café no ano seguinte. Ele não precisa ter nenhum grão de café na cooperativa, e já adquire um crédito, sendo que depois também pode vender todo o café aqui dentro. Armazenando o café, ele tira um percentual de até 30% para fazer aquisições do que necessita. Nós fornecemos também mudas de alto padrão genético, que são estudadas, de alta produtividade, que ele também pode fazer o financiamento em equivalência do café para o ano seguinte”, destaca.

Todos esses benefícios visam auxiliar o produtor rural, desde aquele que não vem de família de produtores rurais como aqueles que já trabalham com isso há várias gerações. “Aqui na cooperativa nós também fazemos a armazenagem gratuita, buscando o café direto na propriedade do sócio cooperado. Ele liga, faz o contato, nós temos um mecanismo próprio autorizado pela Secretaria da Fazenda do Estado que emitimos a nota fiscal ao produtor, o caminhão vai lá na propriedade, pega o café, traz pro armazém, pesa, classifica e o acondiciona dentro do armazém. O produtor recebe um talão de café onde tem as quantidades de café e aí ele pode fazer a comercialização dele por telefone, presencial ou por aplicativo”, finalizou seu Luiz Carlos.

Nailson Dalla Bernadina, diretor-executivo do Sicoob/ES

Outro auxílio que os produtores rurais podem contar é da cooperativa de crédito Sicoob, que tem o crédito rural no seu rol de produtos e serviços. Nailson Dalla Bernadina, diretor-executivo do Sicoob/ES, explica como a instituição financeira cooperativa atua na liberação de crédito para auxiliar os cooperados, em níveis regional e nacional, mesmo neste período crítico para toda a sociedade. “O crédito rural foi o primeiro produto lançado pelo Sicoob/ES. O que motivou a criação da instituição financeira cooperativa foi a alta demanda dos produtores e a dificuldade de acesso a este tipo de crédito, na década de 1980. Neste tipo de linha, a instituição libera recursos próprios e de repasses do governo federal, para que os empresários do campo apliquem em investimentos que incluem a compra de equipamentos e o melhoramento da lavoura; e no custeio, que engloba o financiamento de insumos, tratos culturais, colheita, entre outras atividades. Esse crédito pode ser solicitado por todos os associados ao Sicoob”, pontuou o diretor.

Em 2020, o Sicoob atendeu 4.595 produtores fechando 5.219 contratos no período. “Atendemos todas as culturas que possuem viabilidade econômica, com destaque para o café, mamão, pimenta-do-reino e para pecuária de leite e de corte. A carteira atual do segmento está em R$ 740,3 milhões. No País, o Sicoob tem mais de 5 milhões de cooperados, dos quais 9% são produtores rurais. Para este público, os desembolsos chegaram a R$11 bilhões na safra 20/21 até o mês de fevereiro, um crescimento bruto de R$2,78 bilhões com relação ao mesmo período do ano-safra anterior”, pontuou Nailson.

Nailson ainda ressaltou que o produtor pode procurar a agência sempre que sentir necessidade. “O Sicoob está sempre à disposição do associado para orientá-lo, a fim de que ele atravesse este momento da melhor forma possível e para que consiga evoluir, ultrapassando suas dificuldades”.

O vice-líder do Governo federal na Câmara, Presidente das Frentes Parlamentares do Cooperativismo e do Comércio Internacional e Investimentos e Vice Presidente da FPA e da Frente do Café, Evair de Melo, que é ainda Administrador, técnico agrícola e degustador de café, destaca que o cooperativismo tem sido uma peça importante na economia durante esse período difícil que estamos vivendo. “Eu sempre digo que ser cooperativista é afirmar o compromisso com o equilíbrio do crescimento econômico e social das empresas. Quando isso está atrelado ao nosso ouro verde, o ganho é ainda maior. O setor cafeeiro não só manteve os altos números de exportação, mesmo durante a pandemia, como teve um crescimento expressivo. Só nos dois primeiros meses de 2021, o crescimento foi de mais 9% se comparado ao mesmo período do ano passado. Nossa Cooabriel já exportou esse ano mais do que todo o ano passado. São 10.320 sacas de café. Isso demonstra o compromisso que a cooperativa tem com a economia e a oportunidade de abertura a novos mercados, não só para o eles como para todo setor no Estado”, frisou.

Outra cooperativa capixaba que presta todo apoio aos cooperados é a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), que desenvolve constantemente e incessantemente o trabalho para abertura de mercado, principalmente para os cafés especiais dos produtores associados, entre outras várias ações. De acordo com o gerente executivo da unidade café da Coopeavi, Giliarde Cardoso, a cooperativa entende que a agregação de valor por meio da qualidade é uma das melhores formas de contribuir com a sustentabilidade do produtor. “Além da constante busca por colocação destes cafés no mercado, buscando remunerar o produtor de maneira justa, nós fazemos ainda o trabalho de consultoria técnica com o intuito de levar informações sobre produtividade e qualidade aos nossos associados, trabalho que considero de suma importância para aqueles que desejam agregar valor ao seu negócio, seja incrementando volume de produção, melhorando a qualidade ou em vários casos e em ambas as situações”, pontuou.

E assim como demais cooperativas que tem seu foco voltado ao produtor, a Coopeavi atua de maneira benéfica a todos associados, disponibilizando, além dos serviços já mencionados, a compra de insumos, armazenagem e comercialização de café. “Além disso temos algumas outras ferramentas muito interessantes e exclusivas para quem é associado, como por exemplo, o Barter, que é a troca de uma produção futura por insumos, o que de certa forma é uma linha de crédito descomplicada para o produtor, que de quebra ainda garante o preço futuro da mercadoria”, destacou Giliarde. Na Coopeavi, existe ainda para o produtor associado, a oportunidade de aproveitar momentos de alta no mercado para fazer fixação de preço de sua mercadoria a ser colhida em safras futuras, tornando esse mecanismo uma excelente ferramenta para aproveitar momentos de oportunidade no mercado.

Com o avanço da cafeicultura capixaba e a soma de esforços de várias entidades que ao longo do tempo com grande dedicação colaboram para transformar a cafeicultura do estado na potência que é atualmente, pode-se notar que as cooperativas desempenham um papel importante neste cenário. “O principal papel de uma cooperativa é buscar formas de agregar valor à produção do cooperado. Além de trabalhos relacionados à abertura constante de mercado para cafés verdes, vimos na industrialização uma oportunidade para seguir com este propósito de agregação. Nós entendemos todos os desafios deste mercado extremamente concorrido, então é o nosso papel, enquanto cooperativa, buscar maneiras desta agregação de valor, e por isso seguimos desta forma”, concluiu Giliarde.

Redação Campo Vivo

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