Apesar dos preços maiores, o forte aumento nos custos de produção afetou negativamente as margens dentro da porteira e na agroindústria
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a própria CNA, registrou em 2020 avanço anual de 24,31% e alcançou participação de 26,6% no PIB brasileiro (contra 20,5% em 2019). Em valores monetários, o PIB do País totalizou R$7,45 trilhões em 2020 e o PIB do agronegócio chegou a quase R$2 trilhões.
Nesse contexto, o PIB do ramo pecuário aumentou 24,56%, desempenho que – conforme a CNA – reflete os maiores preços das proteínas frente a 2019 e a expansão da produção e abate de suínos e aves e da produção de ovos e leite. Porém – ressalva – apesar dos preços maiores, o forte aumento nos custos de produção afetou negativamente as margens dentro da porteira e na agroindústria. Além dos insumos de alimentação – que estiveram expressivamente encarecidos já que os grãos operaram em patamares recordes – no caso da pecuária de corte destacaram-se também as fortes elevações do bezerro e do boi magro.
Para o segmento primário da pecuária, considerando a média das atividades acompanhadas, houve alta de 22,3% nos preços e leve queda de 0,48% na produção, na comparação entre 2019 e 2020. A redução da produção média do segmento reflete exclusivamente o comportamento para o boi gordo, haja vista os aumentos para suínos, ovos, leite e frango. Como resultado, o faturamento anual da atividade cresceu 21,72%.
No tocante, especificamente, à avicultura, a CNA observa que o faturamento anual da avicultura de corte cresceu 9,98%, como resultado da combinação de alta de 7,86% dos preços reais e aumento de 1,96% da produção anual. E acrescenta que, “conforme a equipe Frango/Cepea, a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19 afetou diretamente o poder de compra da população, que deu preferência ao consumo de carne de frango em detrimento das substitutas mais caras – bovina e suína. Ademais, o incremento de renda do auxílio emergencial contribuiu para impulsionar as vendas da carne avícola”.
Mas, novamente, uma ressalva. Pois, “apesar do desempenho positivo, é importante ressaltar que, durante o ano, o poder de compra do avicultor também foi fortemente prejudicado, sobretudo, em virtude da disparidade entre a valorização dos preços do frango e dos preços dos insumos de alimentação (especialmente do milho e do farelo de soja)”.
Já na avicultura de postura o faturamento cresceu 18,71% em 2020, conduzido, principalmente, pela alta de 15,31% dos preços reais. A produção, por sua vez, aumentou 2,94%. Segundo a equipe Frango/Cepea, após recuarem sazonalmente no início do ano – redução de demanda causada por férias escolares e recesso –, os preços avançaram em função do período de Quaresma e do aumento dos pedidos de atacadistas e varejistas frente ao receio de escassez de alimentos pela população. Como resultado, em abril, os preços dos ovos registraram recorde real da série histórica do Cepea.
A partir de abril, a procura diminuiu e os preços recuaram até o fim do penúltimo trimestre do ano, quando a restrição da oferta de ovos causada pela alta mortalidade de poedeiras (constantes ondas de calor) alavancou os preços. Apesar desse recuo, em 2020 o preço médio dos ovos registrou recorde real. Assim como visto para os demais pecuaristas, a alta dos custos de produção (em especial, com insumos de alimentação) também reduziu fortemente o poder de compra dos avicultores de postura – atingindo, em novembro, o pior patamar já registrado em toda a série histórica do Cepea.
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