Dólar em alta favorece envios ao exterior
Mesmo diante da pandemia de covid-19, que ainda restringe parte das cadeias de comercialização e mantém o cenário de incertezas quanto aos próximos meses, as exportações de quase todas as frutas acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea têm registrado desempenho positivo na parcial deste ano (de janeiro a agosto/20), ao mesmo tempo em que as importações se reduzem. Isto se deve ao apelo saudável destes produtos, o que favorece a demanda, bem como à oferta disponível no País.
E, ao que tudo indica, os envios (principalmente marítimos) podem se manter firmes no decorrer do segundo semestre, tendo em vista o dólar em alta e a maior oferta nas regiões produtoras – é justamente neste período que as vendas ao exterior se elevam para algumas frutas típicas, como melão, melancia, manga e uva.
Vale lembrar que, devido à pandemia, a consciência quanto à importância de hábitos saudáveis também pesa favoravelmente sobre a demanda por frutas. Este cenário, por sua vez, colabora para que os produtos de maior valor agregado sejam escoados ao exterior, favorecendo o mercado doméstico – tendo em vista a restrição na renda da população e a consequente dificuldade no escoamento de frutas mais caras, que poderiam “sobrar” no mercado brasileiro.
Mamão: Uma das exceções ao cenário de comercialização externa positiva é o mamão, que teve seus embarques reduzidos pela restrição dos voos internacionais e pelo maior custo do frete. No entanto, nos últimos meses, os envios começaram a se recuperar, se aproximando do volume de 2019. Na parcial do ano (jan-ago), a receita recua 16% e o volume, apenas 4%, frente ao mesmo período do ano passado, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Uva: Dólar em alta e demanda positiva mantêm bons embarques da fruta (UE+EUA) na parcial de 2020, apesar de inferiores aos de 2019 (em decorrência das chuvas registradas no Vale do São Francisco no primeiro semestre deste ano). Segundo a Secex, a receita recua 3% e o volume, apenas 1%, de janeiro a agosto/20, em relação ao ano passado.
Manga: Apesar de menores em relação a 2019 (quando foram recordes), as exportações de manga têm se recuperado nos últimos meses e já se aproximam dos patamares do ano passado. Segundo a Secex, a receita recua 8% e o volume, 4%, na parcial do ano (jan-ago).
Lima ácida tahiti: Demanda firme mantém embarques recordes na parcial de 2020, mesmo em meses de preços em alta no mercado doméstico. No período (jan-ago), a receita avança 11% e o volume, 12%, ambos frente à parcial de 2019.
Banana: Apesar dos impactos do clima no Norte de SC, envios de outras regiões brasileiras e boa demanda favorecem embarques na parcial de 2020. Segundo a Secex, a receita avança 8% e o volume, 17%, em relação a 2019.
Maçã: Bons envios são registrados na parcial de 2020 (jan-ago), devido à maior oferta de miúdas de boa qualidade, que são preferidas em alguns mercados (Bangladesh). Em receita, a queda é de apenas 1%, mas o volume avança 11% frente ao mesmo período do ano passado.
Melão e melancia: Com maior foco para o mercado externo e a boa demanda europeia (em decorrência da baixa oferta espanhola), os embarques brasileiros aumentaram no primeiro mês da temporada 2020/21 (agosto), tanto para melão quanto para melancia. No caso desta segunda fruta, os resultados são ainda mais favoráveis, tendo em vista o aumento da preferência do mercado europeu pela variedade – em receita, a alta é de 67% e, em volume, de 58%, frente a agosto/2019. Já para o melão, o avanço é de 8% em receita e de 6% em volume, em relação ao mesmo mês de 2019.
IMPORTAÇÕES – Além dos bons resultados dos envios, as importações de frutas e hortaliças também recuaram no período. No caso de batata pré-frita e da polpa de tomate, a queda se deu principalmente durante os meses mais restritivos da pandemia, quando o fechamento de restaurantes limitou a demanda pelos produtos. Já as frutas (com exceção da maçã, devido à menor oferta nacional), no geral, tiveram as importações reduzidas por conta do dólar em alta e da demanda externa aquecida.
Cepea