Em dois anos de trabalho, projeto Terras Sustentáveis mostra evolução nos índices de sustentabilidade e na regularização ambiental de várias propriedades assistidas
Criado com o propósito principal de contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento sustentável das propriedades rurais do Espírito Santo atingidas pela crise hídrica pelo desastre ambiental de Mariana (MG), o projeto Terras Sustentáveis demonstra, após dois anos de trabalho, resultados importantes como melhora nos índices de sustentabilidade e produtividade das propriedades.
O convênio firmado em 2017 entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar-ES) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES) levou investimento da ordem de R$ 3 milhões para a realização do projeto, que atendeu cerca de 400 produtores rurais na área da bacia hidrográfica do Rio Doce.
“O Senar, com a metodologia AteG – Assistência Técnica e Gerencial, proporciona ao produtor rural informações técnicas e gerenciais com foco na sustentabilidade da propriedade rural. Neste trabalho o produtor rural recebeu mensalmente atendimento de um profissional em sua propriedade. Os resultados apresentados nesses dois anos de projeto já são bastante significativos” conta o analista do Sebrae/ES, Adriano Matos Rodrigues. A parceria com o Sebrae/ES oportunizou ainda a regularização ambiental de várias propriedades assistidas, e melhoramento genético do rebanho, por meio das consultorias tecnológicas Sebraetec.
Neste momento de pandemia, os produtores rurais têm assistência virtual, com informações e recomendações de gestão e técnica. Os técnicos de campo entram em contato com os produtores, mensalmente, para sanar as dúvidas, seja por aplicativo de mensagens ou videochamadas.
A analista e supervisora geral de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-ES, Cristiane Veronesi, revela que foram alcançados excelentes resultados pelos produtores assistidos, tanto na produtividade, na lucratividade e na gestão de suas propriedades. “O convênio leva orientação técnica, ao produtor rural, para que o mesmo se mantenha na atividade rural com qualidade de vida e que seus filhos e netos tenham interesse de permanecer na atividade agropecuária”, destaca.
De acordo com Cristiane, pode-se observar o dobro da produtividade na atividade de pimenta-do-reino, com uma redução de 52% no custo total da produção. Houve também um aumento no lucro na produção de leite e de café. “A visão do produtor rural está mudando quanto à gestão da propriedade. Ele precisa entender que sua atividade agropecuária é uma ‘empresa rural’ e que deve ser administrada como tal, estimulando, assim, a sucessão familiar”.
Cafés especiais
Por dois anos consecutivos, o convênio fez uma Missão Técnica para a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, o que abriu os olhos dos produtores para a produção de cafés especiais. “Eles viram os rendimentos satisfatórios com a produção de café de qualidade, mudando a visão sobre Conilon de qualidade, por exemplo”, salienta a supervisora.
Dois produtores ficaram entre os que tiveram os melhores resultados em todo Brasil (2019), em um concurso que o Senar Central realizou: Geraldo Lamberti (produtor de leite, de Itarana-ES) e a Leticia Altoé (produtora de café, de Jaguaré – ES). Eles alcançaram aumento significativo na produtividade, redução do custo de produção e avanços na parte ambiental.
“Foi uma experiência que veio numa hora muito boa. Quando começaram o trabalho conosco, em 2017, foi logo após uma seca, a gente vinha de uma quebradeira total no município, e a assessoria nos ajudou reestruturação da plantação, e na organização financeira. Nos passaram muito conhecimento sobre gestão administrativa da propriedade. Muitos que trabalham com agricultura acham que são autossuficientes, mas entendemos a importância da presença de um agrônomo para nos orientar, por exemplo. Hoje conseguimos calcular o quanto tivemos de custo para cada pé de café”, pontua a produtora de café Letícia Altoé.
Sustentabilidade
O Programa de Assistência Técnica e Gerencial, ofertado pelo Terras Sustentáveis, propiciou aos assistidos um diagnóstico ambiental de suas propriedades no início do projeto e a cada 12 meses, sendo possível aferir as melhorias alcançadas pelos produtores. Os resultados apontam um avanço de mais de 60% referente à sustentabilidade ambiental, social e econômica, visto que, além das informações prestadas pelos técnicos nas visitas de campo, o acompanhamento mensal garantiu melhoras nos aspectos gerenciais das propriedades.
As técnicas aplicadas no projeto permitiram um aumento no Índice de Sustentabilidade (de 0,49 para 0,57), em que pode destacar a Gestão do Estabelecimento e a Capacidade produtiva do solo. Antes da abordagem, 77% das propriedades não faziam o levantamento do custo de produção de sua atividade e, depois de 24 meses de assistência, 75% dos produtores começaram a fazer a análise do custo de produção da sua atividade produtiva.
A porcentagem de produtores que realizaram as análises de solo também é destaque. No início do convênio, 53% dos produtores faziam a análise do solo, e depois de dois anos, 87% fizeram e entenderam a necessidade de fazê-lo. O resultado demonstrado é de grande importância, visto que os produtores rurais devem analisar o solo para fazer a correta correção de acidez e fertilidade, de forma a obter melhor produção em plantio ou no pasto para produção de leite.
Foram beneficiados produtores rurais localizados nos municípios de Afonso Cláudio, Águia Branca, Alto Rio Novo, Brejetuba, Baixo Guandu, Colatina, Itaguaçu, Itarana, Jaguaré, João Neiva, Laranja da Terra, Linhares, Mantenópolis, Marilândia, Nova Venécia, Pancas, Rio Bananal, Santa Tereza, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, São Roque de Canaã, Sooretama e Vila Valério.
Com informações de assessoria do Sebrae