O Brasil fechou 2019 batendo recorde nas exportações de frutas. Pela primeira vez, o país atingiu US$ 1 bilhão em negócios, segundo dados do Ministério da Agricultura. As exportações superaram 1 milhão de toneladas, volume 14,7% superior ao registrado em 2018.
O resultado foi atingido quando consideradas as vendas de nozes e castanhas, cujo volume exportado caiu 15,6% no período, para US$ 160,12 milhões (26,3 mil toneladas). Dentre as frutas com maior crescimento, a banana se destacou. Foram 79,4 mil toneladas exportadas, aumento de 24,8% ante 2018, gerando divisas de US$ 24,4 milhões (avanço de 19,1%).
Os países árabes se destacaram entre os destinos com maior crescimento. Só para o Barein, foram 1,8 toneladas em 2019 ante 37 quilos em 2018. “Está aparecendo muita especulação sobre o Oriente Médio para exportação. Então, os produtores brasileiros têm trabalhado muito forte para estarem devidamente capacitados para fornecer o produto”, observa o produtor Eduardo Correia, do sul de São Paulo.
Com 800 hectares plantados no Vale do Ribeira e uma produção de cerca de 45 toneladas por hectare, Correia se organiza para começar a exportar bananas ainda neste ano. “Acredito que, nos próximos meses, principalmente a partir do segundo semestre, a gente vai exportar muita coisa para o Oriente Médio”, projeta o produtor, que também tem negociado o envio da fruta para a Argentina.
Espaço no Mercosul
Segundo a Conab, o Mercosul também foi um destino importante para a banana brasileira no último ano. Em seu relatório mensal de acompanhamento do setor, o Prohort, a instituição lembra que a instabilidade política e econômica em grandes produtores da região, como Bolívia, Equador e Chile, tem favorecido o Brasil.
Mamão
A situação política entre os parceiros comerciais do Mercosul também contribuiu para o resultado positivo nas exportações de mamão, embora em menor intensidade. Foram 43,3 mil toneladas exportadas, avanço de 1,5% e volume recorde nos últimos 20 anos, segundo a Conab. Em faturamento, contudo, houve queda de 7,5% nas exportações, para US$ 46,3 milhões.
Para este ano, com o dólar em alta, a expectativa é de recuperação. “A nossa perspectiva é de crescimento. Com o câmbio favorável à exportação, a gente reduz um pouco o preço da mercadoria e aumenta o volume, conseguindo maior participação no mercado”, explica Rodrigo Martins, produtor com 800 hectares plantados de mamão distribuídos entre Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Ceará.
Melancia
Outra fruta com forte aumento nos embarques no último ano foi a melancia. Foram 102,86 mil toneladas, avanço de 52% ante igual período de 2018, a um valor de US$ 43,9 milhões, alta de 38,36% na mesma comparação.
De acordo com Luiz Roberto Barcelos, maior produtor do país e presidente da Abrafrutas, as exportações foram favorecidas pela quebra da safra espanhola na Europa, atingida pelo forte calor no verão seguido de chuvas acima da média. “A nossa janela de exportação, então, começou mais cedo. Ela ampliou. E, por isso, a gente acabou tendo uma exportação melhor”, explica o produtor.
Além das circunstâncias climáticas da Europa, Barcelos também destaca a baixa atratividade do mercado interno brasileiro, com consumo ainda enfraquecido, e a valorização do dólar ao longo do último ano como catalisadores das exportações brasileiras de frutas.
Melão
Para o próximo ano, Barcelos destaca o potencial de exportação do melão após a abertura do mercado chinês. No último ano, foram 251,64 mil toneladas enviadas ao mercado internacional, aumento de 27,34% em volume e de 17,9% em faturamento (US$ 160,4 milhões).
Com 300 hectares plantados no Rio Grande do Norte e uma produção de 7,5 toneladas, Roberto Martorelli está animado com a possibilidade de vender para o maior consumidor mundial de melão.
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