Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta segunda-feira (4) com queda de mais de 300 pontos. Pesou sobre os preços externos as informações da oferta e fatores técnicos ante o fechamento em alta da última sexta-feira (1).
Com a queda, as cotações do arábica no terminal externo voltaram a se aproximar das mínimas de 2005, mais de 14 anos, quando o mercado atingiu o patamar de 93,45 cents/lb, de acordo com dados compilados pela Investing. Na sexta-feira, o mercado também caiu próximo desse patamar.
O vencimento maio/19 registrou no dia 97,35 cents/lb com recuo de 285 pontos e o julho/19 caiu 285 pontos, a 100,00 cents/lb. Já o contrato setembro/19 registrou 285 pontos negativos, cotado a 102,65 cents/lb e o dezembro/19 teve desvalorização de 280 pontos, a 106,45 cents/lb.
O arábica na ICE iniciou esta segunda-feira já em queda em movimento de ajustes técnicos ante a alta moderada registrada na última sexta-feira (1º), mas foram dados de exportação que pesaram mais. Operadores também repercutiam as chuvas no cinturão produtivo do país.
“O café está repercutindo sinais de ampla oferta. Dados do Ministério da Economia do Brasil mostraram que as exportações de café subiram 2,6% de um mês para o outro e 36,9% de um ano para o outro, com 3,108 milhões de sacas”, disse o site internacional Barchart.
Na sexta-feira (1), a Secex (Secretaria de Comércio Exterior do Brasil), ligada ao Ministério da Economia, informou que além dos volumes ressaltados acima, as exportações totalizaram US$ 408,7 milhões em fevereiro. Somente no primeiro bimestre do ano são 6,139 milhões de sacas e US$ 816,6 milhões.
Operadores no terminal também segue atentos com as informações da safra 2019/10. Ainda segundo o Barchart nesta segunda-feira, as chuvas nos últimos dias em áreas produtoras do Brasil chegaram a superar a média. A safra 2019/20 do Brasil está em desenvolvimento e chuvas são essenciais neste momento.
Apesar do retorno das chuvas, que tem sido repercutido com otimismo pelos operadores externos, produtores de café no Brasil não têm acompanhado essa visão. Muitos acreditam que perdas já foram consolidadas nos últimos dias e, além disso, a safra já será de bienalidade negativa.
Na última quarta-feira (28) a Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé), maior cooperativa de café do Brasil, projetou para a Reuters que a colheita do café poderia começar mais cedo neste ano por conta do calor em dezembro e janeiro, o que acabou acelerando a maturação.
“Geralmente, os cooperados da Cooxupé iniciam a colheita entre maio e junho, a depender da região. Mas segundo Carlos Paulino neste ano devem começar 10 a 15 dias antes por causa da maturação adiantada. A cooperativa atua no Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e São Paulo”, disse em boletim o Escritório Carvalhaes.
Mercado interno
As praças de comercialização de café no Brasil não funcionaram nesta segunda-feira por conta do feriado de Carnaval na terça-feira (05). Nos últimos dias, no entanto, o cenário tem sido de lentidão com preços abaixo dos custos de produção em diversas localidades do país.
“Os cafeicultores mostram desânimo com esse quadro de preços em baixa, custos em alta e clima irregular nesta época de crescimento dos frutos. Em muitas regiões produtoras, a safra já naturalmente de ciclo baixo vai ser menor ainda”, destacou em boletim o Escritório Carvalhaes.
Na sexta-feira (1º), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 398,43 e alta de 0,44%.
Folha Vitória