Cacau: Incertezas acerca do próximo ano-safra garantem preços voláteis

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Antecedendo o início da safra global de cacau, o terceiro trimestre do ano apresenta maior volatilidade ao mercado da commodity, pautado em cenário de incerteza e especulação acerca do próximo ciclo produtivo. Segundo análise da consultoria INTL FCStone, o atual preço do cacau reflete as expectativas dos agentes para o balanço e os estoques no final da temporada 2017/18, que caminha para seu encerramento e para a qual as perspectivas de saldo global já são consensuais, apontando para um pequeno superávit e uma sutil queda na relação estoque/processamento, fruto da demanda superior no ano.

“Nos próximos meses, acreditamos que os preços passarão a refletir as perspectivas para a próxima temporada, ainda bastantes discrepantes”, opina o analista de mercado do grupo, Fábio Rezende. A demanda de cacau deve se manter aquecida até o restante do ano, o que, em conjunto com as atuais perspectivas para a produção na temporada 2018/19, tende a gerar um maior aperto no balanço de oferta e demanda no curto prazo.

Destaca-se que dos elementos que influenciarão a oferta de cacau no curto prazo, o mais importante é o clima: o cacau é uma cultura perene de ciclo longo e, portanto, alterações na área plantada e na idade média dos cacaueiros são pequenas de um ano para outro. A condição climática, por outro lado, pode fazer variar significativamente a produtividade, afetando também a proliferação de doenças e pragas, além da logística da amêndoa.

Tem crescido a probabilidade de ocorrência de El Niño durante o quarto trimestre de 2018, primeiros meses da temporada 2018/19: segundo o IRI/CPC, há 63% de chance do fenômeno climático ocorrer entre outubro e dezembro. Historicamente, episódios de El Niño durante esse período estiveram relacionados a quedas na produção de cacau. De acordo com os modelos da INTL FCStone, um aquecimento do oceano em 0,8°C acima da média, como é previsto, se associa a um desvio de -70 mil toneladas na produção mundial de cacau em relação à sua tendência – o que implicaria em uma produção 178 mil toneladas menor na próxima safra que a de 4,587 milhões de toneladas estimada pela Organização Internacional de Cacau (ICCO) para a temporada atual.

“As atuais condições de umidade e temperatura das principais regiões produtoras de cacau apontam para um cenário diferente: chuvas volumosas intercaladas com períodos de sol na África Ocidental têm alçado os índices de saúde da vegetação, bom indicador para se prever a produtividade futura das lavouras”, avalia o analista Rezende, da INTL FCStone.

O monitoramento do desenvolvimento das condições climáticas na África Ocidental e nas demais regiões produtoras nos próximos meses será essencial para nortear as primeiras expectativas para a produção global – que será o principal condutor dos preços no terceiro trimestre.

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