O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está desenvolvendo uma pesquisa para analisar a dinâmica da água da chuva e as condições de umidade do solo em lavouras de café sombreado. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim.
O projeto, denominado “Estudo das condições ambientais em sistemas de produção agroecológicos”, é financiando pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e está sob a coordenação da bióloga do Incaper Maria da Penha Padovan, doutora em Sistemas Agroflorestais pelo CATIE, Costa Rica e Bangor University, UK.
“O objetivo do projeto consiste em analisar e comparar a dinâmica da água da chuva, as condições de umidade do solo e as variações microclimáticas em café sombreado com gliricídia, ingá e banana e em plantios de café a pleno sol. Na presença das árvores, ocorre a redistribuição da água da chuva: uma parte passa pelos ramos, outra parte escorre pelos troncos e outra parte evapora da superfície das folhas da copa das árvores e nunca chega ao solo. Em ambientes onde chove pouco, toda água é muito importante para os cultivos e por isso queremos estimar e comparar a perda de água por evaporação pela copa das diferentes espécies”, explicou Penha.
Para isso, foram instalados 112 pluviômetros e coletores nos troncos das árvores que serão monitorados durante um ano nas parcelas de café com gliricídia, banana e ingá. As estações climáticas automáticas instaladas nas parcelas com árvores e em pleno sol vão permitir a comparação das variações na temperatura, umidade do ar, direção e velocidade do vento e radiação solar sob as diferentes espécies de árvores de sombra e em pleno sol. “Sabemos que esses fatores vão influenciar diretamente no desenvolvimento e na produtividade das plantas”, relatou a coordenadora do projeto.
Maria da Penha Padovan disse que os resultados desse estudo poderão contribuir para a definição de arranjos produtivos, de características preferenciais das espécies para compor Sistemas Agroflorestais (SAF’s) de café Conilon e indicação de práticas de manejo, como a poda, por exemplo, visando maximizar a produção com mínima perda de água.
Segundo ela, estudos sobre a interceptação de água da chuva vêm sendo desenvolvidos em áreas de floresta e em áreas de cultivos agrícolas, mas há pouca informação em café sombreado. Um estudo desenvolvido em café arábica associado com árvores madeiráveis em região subúmida na Nicarágua demonstrou que houve uma redução de 14% a 70% de chuva disponível para o café dependendo da intensidade da chuva, da característica das folhas e tamanho da copa.
Incaper