Cerca de 40 agricultores de municípios da Região Sul do Estado participaram da 1ª oficina de avaliação dos agroecossistemas com café orgânico em sistema florestal na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim. A atividade teve por objetivo inserir a percepção dos agricultores em um experimento de pesquisa realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
De acordo com o pesquisador e coordenador do projeto “Unidades de observação para o acompanhamento da produção de Café Conilon cultivado em sistemas agroflorestais”, João Araújo, a participação dos agricultores na área experimental consiste em uma metodologia de pesquisa participativa.
“Quando se fala de sistema agroflorestal, as pesquisas acontecem em um período de 6 a 10 anos. Se, ao longo desse tempo, o agricultor não acompanhar o desenvolvimento do experimento, fica difícil avaliar o resultado apenas no final. Por isso, nesse projeto, inserimos a participação dos agricultores em visitas regulares à área experimental, também em conjunto com extensionistas, Escola, Família e Universidade Federal do Espírito Santo”, explicou João.
O pesquisador salientou que essa metodologia propicia a formulação de novas demandas ao longo do processo, criando uma dinâmica positiva entre pesquisadores, extensionistas e agricultores.
A extensionista do Incaper que atua no município de Alegre, Érica Munaro, uma das coordenadoras da atividade, destacou a importância de ouvir os agricultores. “Nesse projeto, que busca avaliar diversos fatores nos sistemas agroflorestais, incluiu-se a percepção dos agricultores durante o processo, pois ao longo desse período o agricultor pode identificar algum ponto a ser trabalhado antes do resultado final da pesquisa”, falou Érica.
Na metodologia utilizada, os agricultores participaram de um nivelamento inicial sobre Sistemas Agroflorestais e, posteriormente, foram divididos em três grupos para percorrer cada parcela do experimento. Eles fizeram observações e anotações dos pontos positivos e dos pontos críticos, que foram sistematizados ao final da oficina.
“A partir dessas observações, os agricultores vão criar indicadores de sustentabilidade, a partir dos quais poderão monitorar os resultados em cada visita à unidade experimental, quantificando e qualificando esses indicadores”, falou o extensionista do Incaper em Cachoeiro de Itapemirim Dirceu Godinho.
Percepção dos agricultores
A agricultora de Cachoeiro de Itapemirim Marta Costalonga, que cultiva café conilon, avaliou que o sombreamento é muito positivo para o solo. “Na área de sombreamento, as plantas estão muito mais bonitas. No café solteiro, como não tem sombra alguma e nem cobertura no solo, está mais fraco, amarelado e a produção bem menor. Gostei do café consorciado com palmito pupunha. Não sei se é a melhor forma de consórcio, mas achei interessante ter renda dos dois produtos”, disse a agricultora.
Já o agricultor de Alegre Júlio Cesar de Mendonça Rodrigues, que possui plantios de café, frutas e árvores, disse que saiu da atividade pensando em consorciar parte da sua produção de café. “Percebi uma grande diferença do café a pleno sol e do café consorciado, sobretudo no solo. Gostei da experiência com a gliricídia pela produtividade obtida no café até o momento”, destacou.
Unidade de observação de café sombreado
Na Fazenda Experimental de Bananal do Norte foi implantada, em 2013, a Unidade de Observação de Sistema Agroflorestal. O objetivo desse projeto consiste em avaliar os seguintes itens: cafeeiro orgânico em sistemas agroflorestais, matéria orgânica, equivalência de área e percepção dos agricultores. No local, existem consórcios do café com ingá, pupunha, bananeira e gliricídia.
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