O avanço da safra em grande parte do Brasil, que eleva a produção e a captação de leite pelas indústrias, e a persistente fraca demanda nacional pressionaram os valores pagos ao produtor em outubro pelo segundo mês seguido. Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o preço médio recebido pelo produtor na “média Brasil” (sem frete e impostos) foi de R$ 1,3961/litro no mês, forte baixa de 8,5% (ou de 13 centavos/litro) em relação a setembro.
Mesmo com a queda mensal, o preço pago ao produtor ainda acumula alta de 37,3% neste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de setembro/16). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 8% de setembro para outubro, passando para R$ 1,506/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em setembro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.
A captação de leite aumentou em todos os estados que compõem a “média Brasil”, refletindo a recuperação das pastagens, favorecida pela chegada das chuvas em grande parte das bacias leiteiras. De agosto para setembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) aumentou significativos 6,24%, com destaque para Bahia e Rio Grande do Sul, onde foram verificadas altas de 10,72% e de 9,8%, respectivamente. Já o menor aumento na captação foi observado no Paraná, de 1,77%.
Para novembro, com o avanço da safra, representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite. A maioria dos agentes entrevistados (94,2%), que representa 99,8% do leite amostrado, indica que os valores devem cair. Outros agentes (1,9%), que representam 0,02% do volume amostrado de leite, acreditam em estabilidade. Fundamentados no volume de chuvas abaixo do esperado em algumas regiões, alguns colaboradores (3,8% dos agentes que representam 0,2% da amostra) têm expectativa de alta nas cotações em novembro.
No mercado de derivados, os valores também caíram, especialmente no Sudeste do País, devido à entrada de produtos lácteos vindos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Paraná. Como a safra na região Sul do Brasil ocorre antes que no Sudeste, os produtos sulistas chegam a valores menores aos demais estados, acirrando a concorrência.
Além disso, a demanda está enfraquecida, em decorrência dos elevados patamares de preços nos últimos meses, o que tem aumentado os estoques dos derivados e pressionado as cotações. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em outubro (até o dia 28) foram de R$ 2,23/litro e de R$ 17,05/kg, respectivamente, significativas quedas de 10,16% e de 10,96% em relação às médias de setembro.
Com o cenário de baixas intensas desde agosto, a variação acumulada do leite UHT desde o início do ano já passou a ser negativa, em 4,9%. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em OUTUBRO/16 referentes ao leite entregue em SETEMBRO/16.
Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE.
Cepea/Esalq