O diretor-geral da Chocolates Garoto, Liberato Milo, esteve no Espírito Santo neste domingo (18), para a 27ª edição das Dez Mil Milhas Garoto, em Vila Velha, e disse que a venda da empresa para a Nestlé deve formalizada em breve.
Apesar de a companhia já ser tocada com investimentos da Nestlé desde 2002, a formalização – mas com operações, fabricação e administrações separadas – foi vetada em 2004, mas é pretendida para dar maior segurança jurídica aos negócios do grupo.
Além disso, entre as novidades que devem ser anunciadas em breve pela empresa está a criação de uma linha de chocolates produzida com o cacau exclusivo das lavouras capixaba.
Desde quando foi comprada pela Nestlé, a empresa capixaba deu um salto de produção e faturamento, com receita líquida crescendo 167% entre 2002 e 2015. Para 2016, o faturamento está estimado em R$ 2,5 bilhões.
Em 2004, o ato de concentração das empresas Garoto e Nestlé foi julgado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que barrou a operação.
“A Garoto e a Nestlé estão juntas com o Cade para, de boa-fé, conseguirem o melhor acordo possível. E o melhor acordo é aquele que seja sustentável para a companhia, para Vila Velha e para o Brasil, pois a Garoto é emblemática não só para o Espírito Santo como para o país”, disse Milo.
O diretor destacou que o processo está sendo liderado pelo Cade de forma profissional. “Os técnicos do órgão já vieram ao estado visitar nossas operações. Acho que estamos no caminho certo. O chocolate não é meu, é de todos nós. De forma técnica, vamos solucionar esse impasse”, afirmou.
Serenata de Amor
Em relação à venda do bombom Serenata de Amor, Milo disse que se trata de ‘fofoca profissional’. “O processo é comandado pelo Cade, não por nós. Nós não temos nenhum acordo com relação a isso. Qualquer acordo que formos fazer é pensando no longo prazo”, falou.
Cacau capixaba
Com os produtores do estado ampliando a área plantada de cacau, devido ao bom preço, a Garoto disse que pretende também aumentar o volume comprado da matéria-prima capixaba.
“Eu diria que todo cacau produzido no Espírito Santo nós já compramos. Temos uma associação com o Incaper que premia os melhores agricultores, investindo em matas e melhorias do manejo. Queremos cada dia um cacau melhor, não somente em quantidade, mas em qualidade”, falou o diretor-geral da Garoto.
Milo informou que a forma de compra escolhida é mais complexa, mas busca qualidade. “Temos comprado diretamente do pequeno produtor, sem intermediário. É mais complexo, mas é a única forma de garantir a qualidade do produto. E o consumidor quer estar seguro do que está comendo”, disse.
Impasse no Cade
Presentes na cerimônia de premiação das Dez Milhas Garoto, neste domingo (18), o presidente do Conselho Deliberativo do Espírito Santo em Ação, Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Neto, o Café; o vice-presidente Institucional da entidade, Luiz Wagner Chieppe; e o senador Ricardo Ferraço (PSDB) comentaram sobre o impasse no processo de formalização da venda da Chocolates Garoto.
O Cade vetou a compra da Garoto pela Nestlé em 2004, sob o argumento de que prejudicava a concorrência no mercado doméstico de chocolates. Para o senador, o processo no conselho não pode trazer prejuízos para os capixabas e para a Garoto, que está entre as principais geradoras de ICMS do estado.
“O órgão tem muita autonomia para tomar decisões, mas não podemos imaginar que essas decisões venham trazer problemas para a Garoto. É inimaginável que, para além dos problemas atuais, aconteça a desativação de alguma linha de produção ou produto por conta de um impasse desses”, pontua o senador.
Já Café lembra que o estado tem se esforçado para atrair novos empreendimentos que possam gerar empregos e tributos. No entanto, ele lembra que as empresas que já estão instaladas aqui também precisam ter condições de competir, continuar investindo e crescendo, numa referência aos entraves com a Garoto no Cade.
“No campo da economia, a gente vê que, mesmo com esses sinais de melhoria de perspectiva, com todo mundo mais otimista, o mercado ainda está muito travado”, acrescentou.
Uma prova de que os empresários são persistentes, segundo Chieppe, é o crescimento da Chocolates Garoto mesmo diante dos 14 anos de incertezas junto ao conselho.
“A gente sabe da seriedade do Cade, mas também sabe que esse é um processo muito longo para não ter sido resolvido até agora. Qualquer empresa precisa ter segurança jurídica para funcionar. Para a economia do estado, é necessário que isso tenha um desfecho o mais rápido possível, para que a Garoto continue crescendo e contratando”, defendeu.