Mais de 60 pessoas participaram do mutirão agroecológico na Fazenda Experimental do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em Linhares. O evento, que aconteceu na Unidade Experimental de Produção Animal Agroecológica (Uepa), reuniu criadores de galinhas e abelhas, estudantes, auxiliares de campo, técnicos, extensionistas e pesquisadores do Incaper.
Houve a participação expressiva de agricultores do Assentamento Sesínio, município de Linhares, estudantes dos cursos de Biologia e Engenharias, de escolas dos ensinos fundamental e médio do município, além de um grupo de pessoas de Itamaraju (BA).
A ação visou estimular, por meio de oficinas de aprendizagem coletiva, práticas agroecológicas e o diálogo de saberes entre as experiências desenvolvidas na Uepa e as experiências dos participantes.
A atividade está vinculada ao projeto “Um novo olhar sobre os sistemas tradicionais: inovação e socialização de tecnologias para a transição agroecológica da produção animal”, executado pelo Incaper com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes).
Ocorreram oficinas de construção de cerca viva para criação de galinhas, implantação de meliponários na Estação das Abelhas e a produção de adubos orgânicos: fermentados e compostagem. No final do evento, houve um momento de socialização coletiva onde os participantes expuseram como foram as experiências práticas e as suas avaliações.
O grupo de participantes que veio de Itamaraju (BA) relatou que estão desenvolvendo pesquisas em produção agroecológica em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e avaliaram o mutirão como de grande importância para inspirar futuras ações na região do extremo sul da Bahia.
Jeanderson de Souza Santos, engenheiro agrônomo da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada na Bahia, ressaltou a importância de compartilhar e receber conhecimentos. Ele aproveitou para parabenizar a todos que participaram e contribuíram para o mutirão. “O valor de uma prática realizada com agricultores é o estímulo que ela representa. Se em um próximo mutirão os agricultores souberem que aquela cerca foi um legado de um grupo que veio da Bahia, de uma associação ou de um assentamento, eles vão valorizar muito mais as práticas que forem fazer”, ressaltou.
Para a pesquisadora e coordenadora do projeto, Márcia Guelber, o mutirão foi um sucesso. “Conseguimos realizar as práticas planejadas e despertar nos agricultores o interesse por realizar as experiências em suas propriedades, seja começando uma atividade nova como a criação de abelhas sem ferrão ou valorizando práticas que eles nem imaginavam que poderiam ser úteis, para melhorar a sua criação de galinhas. Muita gente levou amostras dos produtos preparados para multiplicar em sua casa”.
Alex Fabian, extensionista do Incaper, ressaltou que o mutirão com as abelhas sem ferrão foi um momento muito interessante para o diálogo de saberes. “Reunimos pessoas que nunca tiveram contato com esse tipo de abelhas e meliponicultores experientes”, relatou.
Já o pesquisador do Incaper, Eduardo Sales, afirmou que foi uma excelente oportunidade para os jovens do projeto de Iniciação Científica Júnior tomarem conhecimento da realidade da agricultura familiar.
Luciana Silvestre