Em mais um recuo à redução do número de pastas anunciada em maio, o presidente interino Michel Temer vai recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário em setembro, após o julgamento definitivo do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. No final de maio, após pressão da classe artística, o peemedebista também recuou e recriou o Ministério da Cultura, que antes havia ficado sob o controle da pasta da Educação.
Os recuos de Temer já começam a incomodar aliados que apoiaram o processo de impeachment de Dilma e a posse interina do peemedebista.
A volta da Secretaria de Desenvolvimento Agrário com status de ministério foi confirmada nesta quinta-feira (11) pelo ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. A pasta ligada à reforma agrária hoje está sob o comando de Padilha.
O ministro deu a informação em uma audiência pública no Senado durante a manhã dessa quinta-feira (11). O ministério foi extinto quando Temer assumiu o comando do país interinamente, em maio, mas setores ligados à reforma agrária pressionam o peemedebista, como a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade.
De acordo com Padilha, Temer decidiu recriar a pasta quando se deu conta do tamanho do número de famílias que foram assentadas pelo governo Dilma Rousseff, mas ainda não receberam condições mínimas, como as escrituras das terras que agora ocupam. “Quando o presidente foi cientificado do tamanho da questão que estava sendo envolvida por essas pendências, ele disse que teria que voltar à ideia de ter alguém que vai pensar como ministro de Estado, 24h por dia, para comandar essa equipe”, disse.
De acordo com Padilha, as escrituras das terras assentadas devem começar a ser entregues em setembro e, provavelmente, a ação deverá começar pelo Estado do Mato Grosso.
Titular. Segundo o ministro, o governo ainda não decidiu se o atual secretário José Ricardo Roseno deverá assumir o comando da nova pasta: “Nós sabemos que a bancada da Câmara do setor tem sua pretensão a indicar um ministro”. Pelo acordo fechado pela administração interina, o Desenvolvimento Agrário continuará sob o controle do Solidariedade, partido do deputado federal Paulinho da Força (SP), um dos maiores aliados do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O ministro disse ainda que não vê problemas em relação às futuras críticas que virão por mais uma mudança de posição do governo. “Não é mudança de posição, vamos otimizar, não vamos ter nenhum funcionário novo. Não haverá nenhum centavo a mais de custo na recriação da pasta”, afirmou.