Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de café, com produção estimada em 49,66 milhões de sacas na safra 2016, ocupando uma área de 1,9 milhão de hectares, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para que a cafeicultura cresça ainda mais, o segredo é investir em um plantio eficaz, que garanta a qualidade ao grão e reduza perdas. Pensando nisso, o Programa Café Sustentável (SCP) lançou o Currículo de Sustentabilidade do Café, uma cartilha desenvolvida pelas Secretarias de Agricultura dos estados de São Paulo, Espírito Santo e Paraná em parceria com o Incaper e Emater de Minas Gerais, Paraná e Rondônia com dicas de plantio para orientar os cafeicultores.
1 – Sementes
Muitos produtores erram na hora de adquirir as sementes. Ao comprar no mercado informal, o produtor pensa que poupa dinheiro, mas na verdade corre o risco de comprar sementes piratas, que geram problemas produtivos, genéticos, fisiológicos e sanitários. Sementes piratas são uma ameaça à produção (leia mais aqui), por isso a cartilha orienta que os produtores comprem sementes apenas em locais autorizados e com certificado de sanidade. Outra recomendação para reduzir perdas e melhorar o desempenho da plantação é o uso de cultivares adaptadas para a região da fazenda e variedades que são mais resistentes à pragas, doenças e secas.
2 – Localização
Antes de iniciar o plantio, o produtor deve prestar atenção se está cumprindo a legislação ambiental e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), quando houver. O ZEE propõe que seja feita uma analise a região para considerar os impactos provocados pela ação humana e a capacidade de suporte do meio ambiente, determinando ações voltadas à mitigação ou correção dos impactos ambientais. Ainda segundo a cartilha, para o sucesso do plantio é fundamental estudar as condições do solo e do clima do local para saber se são realmente indicados, uma vez que o café é uma cultura perene, ou seja, cultivada o ano todo.
3 – Análise do solo
Além do estudo, fazer a análise de solo como parte do planejamento para a instalação da cultura pode aumentar a lucratividade do produtor. Essa medida ajuda a identificar os problemas rapidamente e solucioná-los, o que aumenta a produção e resistência do grão, além de diminuir os gastos com defensivos químicos. Por isso, a cartilha recomenda que essa análise seja feita em laboratórios certificados anualmente ou, no máximo, a cada dois anos. Além disso, outra dica para reduzir os gastos com a lavoura é aproveitar a palha do café que sobra depois da colheita como adubo, sem a necessidade de ter despesas adicionais com compostos orgânicos e estercos.
4 – Cobertura do solo
O produtor deve fazer a roçada do solo antes de iniciar o plantio, ou seja, eliminar a vegetação existente. Esta prática pode ser feita manualmente ou com tratores e sem a queima da vegetação. A recomendação da Cartilha é retirar os arbustos e galhos maiores, sendo o restante incorporado ao solo através de uma ou mais lavrações. Um erro muito comum cometido pelos produtores é o excesso na aplicação de fertilizantes. A adubação exagerada desestabiliza a planta, prejudica o meio ambiente e aumenta as despesas gastos sem melhorar a produção (leia mais aqui). Por isso, é importante evitar o desequilíbrio, não aplicar grandes quantidades de um só nutriente e respeitar as necessidades da planta.
5 – Irrigação
Para melhorar a irrigação no cafezal, a dica da cartilha é utilizar técnicas para avaliar a capacidade de armazenamento de água, tal como as curvas de retenção para cada tipo de solo da propriedade. Também é importante garantir que o volume de água utilizado e a duração da aplicação não produzam desperdícios ou aplicações excessivas. O produtor também deve realizar periodicamente a análise microbiológica e química da água de irrigação e de uso na pós colheita.
Beatriz Fleming / sfagro.uol.com.br