Déficit na balança de lácteos é o dobro de 2015

0

leite - balde.jpgO déficit na balança comercial de lácteos do Brasil no primeiro semestre já é o dobro do déficit registrado em todo o ano passado. O quadro é reflexo da escassez de matéria-prima no mercado doméstico, o que tem estimulado as importações. Nos primeiros seis meses do ano, o país importou US$ 268,6 milhões em produtos lácteos e exportou US$ 62,7 milhões, o que gerou um déficit de US$ 205,9 milhões. Em todo o ano passado, o déficit havia sido de US$ 100 milhões, conforme dados da Secex/Midc compilados pelo MilkPoint.

Considerando os volumes comercializados em equivalente leite, o déficit na balança também cresceu. Conforme o MilkPoint, no primeiro semestre, o déficit foi de 683,7 milhões de litros ante 343,7 milhões no mesmo intervalo de 2015. Em todo o ano passado, o déficit fora de 548 milhões de litros.

A escassez de leite no mercado doméstico por conta da redução da produção tem elevado os preços internos da matéria-prima, o que torna a importação mais competitiva. De acordo com Valter Galan, analista do MilkPoint, as importações poderiam ser ainda maiores, mas no momento, os principais fornecedores do Brasil – Argentina e Uruguai – enfrentam alguma restrição na oferta por problemas climáticos e aumento nos custos de produção.

No primeiro trimestre deste ano, a aquisição de leite no Brasil recuou 4,5%, para 5,86 bilhões, segundo o IBGE. Pelas estimativas do MilkPoint, a retração se acentuou no semestre, para 7% na comparação com igual período de 2015 (ver quadro). Até maio, a queda era projetada em 6%. Diante desse cenário, a disponibilidade total também caiu mais – 4%. Até maio, o recuo era de 3,5%.

Ainda conforme as projeções do MilkPoint, a disponibilidade de leite per capita no semestre foi de 56,6 litros, 4,8% abaixo dos 59,4 litros um ano antes. O recuo também avançou em relação a maio.

A expectativa de Galan é de um ambiente mais favorável à produção de leite no Brasil neste semestre uma vez que a relação de troca com o milho começou a melhorar. Assim, avalia, os preços da matéria-prima devem começar a ceder. Aliás, já começa a haver recuo nos preços dos produtos finais, como leite longa vida e muçarela, segundo Galan, reflexo de uma retração do consumidor.

No curto prazo, contudo, o cenário não deve mudar muito, pois a importação ainda está competitiva, diz o analista. Enquanto o queijo muçarela nacional é negociado por entre R$ 22 e R$ 23 o quilo no atacado, o produto argentino chega a São Paulo por cerca de R$ 17 o quilo.

Marcelo Costa Martins, diretor-executivo da Viva Lácteos (que reúne empresas do segmento), concorda que, no curto prazo, “não há perspectiva de mudança”, uma vez que a limitação de oferta persiste no mercado interno. Ele observa, porém, que mesmo num cenário pouco estimulante para as exportações, as empresas do setor “continuam apostando na importância da abertura de novos mercados”. O objetivo é estarem prontas quando o cenário estiver mais favorável.

Valor Econômico

Compartilhar:

Deixar um Comentário