Os preços do café robusta subiram em maio no mercado interno, impulsionados pela baixa oferta da variedade. No Brasil, as lavouras que foram castigadas pelas secas estão apresentando baixo rendimento, impactando na disponibilidade da safra 2016/17.
Além disso, a qualidade também vem preocupando os agentes consultados pelo Cepea. Em maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta peneira 13 acima teve média de R$ 386,71/saca de 60 kg, 1,9% superior à de abril. O tipo 7/8 bica corrida subiu 0,56% na mesma comparação, com a média passando para R$ 376,8/sc.
No mercado internacional, os preços também registraram fortes altas. Além das preocupações com a safra brasileira variedade, o Vietnã – importante produtor de robusta – também vem sendo castigado pelos efeitos do El Niño, podendo ter redução de 30% na safra 2016/17. Com isso, o contrato Julho/16 do robusta negociado na Bolsa de Londres (Euronext Liffe) fechou a US$ 1.645 por tonelada em 31 de maio, avanço de 3,65% na comparação com 30 de abril.
Elevado volume de grão verde reduz ritmo de colheita de robusta
A colheita de café robusta no Espírito Santo, que foi iniciada em meados de abril, ainda seguiu em ritmo lento em maio. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, aproximadamente 50% da safra do Espírito Santo havia sido colhida até o final do mês. Em Rondônia, o total colhido chegou a 80% da área. No mesmo período do ano passado, a colheita nos dois estados já se aproximava dos 70 e 80%, respectivamente.
Em muitas regiões do Espírito Santo, o início da colheita desta temporada 2016/17 foi adiantado, uma vez que o forte calor e a falta de chuvas durante quase todo o desenvolvimento da safra indicavam para uma maturação precoce dos grãos. Porém, com a colheita das primeiras áreas, alguns produtores relataram quantidade considerável de grãos verdes e, por isso, diminuíram o ritmo das atividades em maio.
Em Rondônia, os trabalhos de campo também começaram mais cedo e, assim como no Espírito Santo, o forte calor dos últimos meses adiantou o processo de maturação dos grãos. No estado rondoniense, entretanto, os trabalhos no campo foram paralisados no meio de abril devido ao grande volume de chuvas e também à constatação de um significativo percentual de grãos ainda verdes nos pés.
A colheita de café robusta também deve ser encerrada mais cedo neste ano, em decorrência da menor produção. Assim, as atividades de campo podem acabar em meados de junho e não no final do mês e/ou início de julho, como o habitual. Até meados de maio, o rendimento dos cafés estava sendo até 25% menor que em uma safra normal.
Neste cenário de baixa disponibilidade de robusta, as negociações envolvendo o grão da temporada 2016/17 estiveram limitadas no correr de maio. Quanto à comercialização para entrega futura, o percentual de contratos realizados também esteve abaixo do de anos anteriores. Neste caso, o receio de que a quantidade e a qualidade dos grãos da temporada não sejam atingidas limitou os negócios. Os poucos contratos de robusta realizados tinham entregas programadas já para o mês de maio e para junho.
Parte dos colaboradores relatou, inclusive, que as entregas de maio já registraram alguns atrasos, uma vez que produtores tiveram dificuldades em formar lotes de qualidade superior. Esse contexto de oferta enxuta de robusta, por sua vez, deve refletir nas cotações e nos embarques da variedade nos próximos meses.
No pico de colheita, agentes até acreditam que as cotações possam recuar, mas, no segundo semestre, a oferta restrita deve elevar os valores do robusta. No curto prazo, torrefadoras sinalizam baixo estoque e, com isso, devem comprar mais intensamente no correr da colheita do robusta.
Cepea