MT pode perder mercado europeu para carnes

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Mato Grosso nunca esteve tão perto de ter as exportações de carne descredenciadas pela União Européia. Os rumores são de que os técnicos europeus que desembarcam no país entre os dias 15 e 26 de outubro vêm com a missão de avaliar a rastreabilidade bovina e até mesmo desabilitar todo o território mato-grossense. Atualmente, somente a metade do Estado está autorizada a vender a produção aos paises do bloco econômico. A Europa é o principal mercado para a carne mato-grossense, respondendo por 36% do faturamento das exportações, conforme números do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias no Mato Grosso (Fiemt).
Irregularidades no sistema de rastreamento bovino e pressões da Irlanda e da Escócia junto ao parlamento europeu poderão fazer com que o Estado seja excluído da lista de parceiros comerciais do bloco econômico. As autoridades estaduais tinham justamente outro objetivo com a visita, habilitar 100% do Estado e com isso incluir cerca de 13 milhões de cabeças, atualmente impedidas de seguirem para o consumo europeu. Os municípios onde está localizado este rebanho são considerados ‘zonas tampão’, mas há dez anos o Estado mantém internamente o mesmo nível de sanidade e há onze anos não registra focos de febre aftosa.
O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Martins, prefere não falar que a situação é exclusiva do Estado, mas dispara: “O Brasil nunca esteve tão próximo de ser descredenciado. Não é uma situação isolada de Mato Grosso”. Ele acrescenta que o país como um todo, está deixando a desejar com relação ao Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Bovina e Bubalina (Sisbov).
Uma fonte ligada ao setor revela que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) descobriu irregularidades nas certificadoras. Em um dos esquemas, foram descobertos 25 mil animais virtuais em uma propriedade mato-grossense. A informação teria sido passada durante uma reunião realizada na sede Superintendência Federal de Agricultura (SFA) na última segunda-feira.
Os brincos com informações como as vacinas que foram aplicadas, não eram colocados no gado. Mas, nos registros da propriedade, estavam lançados como se estivessem no animal. O esquema seria feito com a conivência dos pecuaristas, para reduzir os custos da certificação. Os brincos de plástico são colocados na orelha do animal e têm impressos o número que o gado recebe ao integrar o Sisbov e por meio dele, se obtém todas as informações referentes a vida do bovino.

ÍNDICIOS – Existe ainda a informação de que o Mapa teria descredenciado 17 certificadoras brasileiras por conta desde tipo de irregularidade. Outras quatro empresas do ramo estariam prestes a ter a atividade suspensa até que a situação fosse regularizada. A Pantanal Certificadora, com sede em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), não estaria nesta lista.
O superintendente federal de Agricultura em Mato Grosso, Paulo da Costa Bilego, primeiro afirmou desconhecer a informação de descredenciamento de certificadoras. Depois, alegando ter entrado em contato com fontes do Mapa em Brasília, disse que realmente 17 empresas tinham sido excluídas do Sisbov, mas não por irregularidades.
“O Mapa fez um recadastramento e muitas delas [certificadoras]não apresentaram a documentação exigida, por isso saíram do sistema”, justifica. Ele afirma desconhecer a existência de alguma outra certificadora prestes a ser suspensa pelo ministério. Bilego destaca ainda que também já ouviu rumores sobre a possibilidade de descredenciamento de Mato Grosso da lista de fornecedores de carne para a União Européia, mas afirma que tudo não passa de especulação. “Esse momento de tensão que foi criado é devido às notícias internacionais de pressão de alguns países para a desabilitação do país pela União Européia, mas não acredito nisso não”.


 


 


Diário de Cuiabá

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