O governador Aécio Neves recebeu, nesta terça-feira (04/09), no Palácio da Liberdade, cafeitultores do Sul de Minas, acompanhados pelo presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes; pelo presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões; e pelo secretário de Estado de Agricultura, Gilman Viana. O grupo apresentou um relatório sobre a situação do setor no Estado e no país, apontando as perdas de renda dos cafeicultores, e pediu ao governador apoio na articulação junto ao Congresso e ao governo federal para aprovação de medidas que aliviem o setor, entre elas negociação da dívida dos produtores e expansão de linhas de crédito.
“Foi feito um retrato da crise do café, do empobrecimento do cafeicultor, que sofre com custos elevados na produção, com um preço abaixo do custo e, sobretudo, sacrificado com o câmbio. O governador recebeu um documento consistente, bem colocado, pedindo a sua presença no âmbito federal para articular medidas que tratem da reestruturação da dívida e medidas que permitam a atividade econômica com renda”, disse em entrevista o secretário Gilman Viana, após o encontro com o governador.
Segundo o secretário, as maiores preocupações são a reestruturação da dívida dos produtores e liberação de crédito. “O segundo item na pauta de reivindicações é a liberação de crédito para antecipação de estoque e de colheita, já prevendo regras de comercialização, inclusive contratos de opção para que a desova de produção não seja apressada para pagar compromissos velhos com venda futura antecipada que fica à disposição do intermediário”, explicou Gilman Viana.
As reivindicações dos cafeicultores fazem parte de um projeto de lei que será apresentado na próxima semana ao Congresso, que estabelece uma série de medidas de apoio à agricultura.
“Esse projeto deverá acertar definitivamente o endividamento crônico da agricultura brasileira, que vem se agravando ao longo dos anos. Por isso viemos pedir o apoio do governador para trabalhar conosco, em Brasília, nesse sentido. Em Minas, 700 municípios são produtores de café, daí a importância do assunto para o Estado”, disse o presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes.
Segundo ele, a dívida dos produtores agrícolas brasileiros somam hoje cerca de R$ 130 bilhões. Em Minas, o montante dessa dívida é estimada entre R$ 11 bilhões e R$ 12 bilhões.
Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de café, responsável por quase 50% da produção nacional e por 15% de toda a produção mundial. Na safra de 2006, a produção foi de 22 milhões de sacas. A estimativa de produção para a safra estadual que será colhida em 2007 é de 14,8 milhões de sacas, equivalente a 45,3% da produção nacional.
Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em agosto passado, o resultado da safra deste ano deve ficar 33% abaixo do esperado. Esse percentual é maior do que acontece naturalmente, em função da característica bianual da cultura do café. A estiagem ocorrida no período da floração, no ano passado, e o excesso de chuvas entre dezembro e janeiro deste ano, facilitaram o ataque de pragas e doenças. A estimativa para a produção nacional é de 32,6 milhões de sacas, 23,3% menor que a safra passada, de 42,5 milhões de sacas.
Cadeia produtiva
Toda a cadeia produtiva do café emprega direta e indiretamente cerca de 3,5 milhões de pessoas em Minas. A atividade está presente em 150 mil propriedades, em 700 municípios, a maioria conduzida por pequenos produtores.
O café é o segundo produto na pauta de exportações de Minas Gerais, atrás apenas do minério de ferro. No primeiro semestre do ano, as vendas para o exterior foram de US$ 1,2 bilhão, crescimento de 32%. Em volume, os embarques de café foram de 551 mil toneladas, com aumento de 21% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Em todo o ano de 2006, as vendas para o exterior totalizaram US$ 2,1 bilhões, um crescimento de 13% em relação ao ano de 2005.
Em junho deste ano, o governador criou o Pólo de Excelência do Café com o objetivo de fortalecer o Estado como referência nacional e internacional em ciência, tecnologia e inovação do café.
O Pólo de Excelência do Café será instalado no campus da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e vai consolidar a experiência de Minas no setor cafeeiro, reunindo instituições geradoras de conhecimento, de capacitação de recursos humanos e prestação de serviços técnicos especializados no agronegócio do café e entidades atuantes nos vários segmentos da cadeia – produção, industrialização e comercialização.
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