Turbulência no mercado afetou o café

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O mercado de café teve um mês de agosto marcado pelos efeitos da turbulência nas bolsas de valores pelo mundo. O mercado financeiro foi atingido pela crise imobiliária americana e as bolsas de valores tiveram grandes perdas, levando para baixo também os preços das commodities agrícolas. O café não ficou imune e também teve severas quedas nas cotações em momentos de agosto.
Ainda assim, no Brasil, o balanço do mês foi positivo em relação aos preços no mercado físico de café, ao produtor. De acordo com o analista Gil Barabach, se não fosse a crise financeira os preços no país poderiam ter avançado mais em agosto. O cenário continua sendo de suporte fundamental às cotações, diante da safra modesta no Brasil neste ano. Os produtores estão resistindo na venda, segurando o café, o que tem contribuído bastante para a firmeza nos preços. Além disso, no balanço do mês o dólar foi notadamente positivo.
As operações de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) surtiram realmente efeito, com os produtores aguardando sempre que a cotação chegue próxima de R$ 260 a saca para fechar as negociações efetivamente em torno de R$ 300 com o prêmio pago pelo governo. Internacionalmente, o mercado também “sente” que o Brasil tem uma safra restrita.
Os embarques em agosto mostraram já arrefecimento no ritmo e a preocupação agora é com o inverno no Hemisfério Norte ao final deste segundo semestre, quando grandes países consumidores incrementam a demanda, mas vão encontrar o maior produtor do mundo (Brasil) curto de oferta. Não fosse a crise nas bolsas de valores, a Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque para o café arábica teria procurado também patamares mais altos para se trabalhar.
Barabach observou que em meio a um quadro positivo fundamental, a crise financeira atingiu o mercado de café e tirou um pouco do potencial altista que agosto trazia. De qualquer forma, no Brasil, a resistência do vendedor é evidente e tende a sustentar bem as cotações.
Mas o que ocorreu em meio à crise financeira fez o mercado nacional de café procurar um caminho, isso porque a Bolsa de Nova Iorque para o arábica e o dólar, que são os principais referenciais para os preços de café no Brasil, começaram a saltar para lados opostos. Ou seja, com as quedas nas bolsas de valores, a Bolsa de Nova Iorque para o café caiu junto com outros mercados, trazendo um impacto negativo aos preços no Brasil.
Porém, o dólar subiu, o que puxa para cima as cotações das commodities em real no Brasil. Como exemplo, em 16 de agosto, ponto alto da crise para o café em Nova Iorque, a bolsa teve uma queda de 6,45% para o arábica. Entretanto, o dólar salvou parte do efeito baixista no mesmo dia porque apresentou uma valorização de 3,15%. Entre esses altos e baixos o mercado tentou achar um equilíbrio. E, no balanço do mês, o dólar acabou subindo bem mais do que a bolsa caiu, ajudando o mercado físico a avançar no final das contas em agosto.
No mercado físico brasileiro, a alta de 4,8% do dólar, que fechou julho com o PTAX a R$ 1,876 e agosto a R$ 1,967, tendo alta no período de 4,8%, contribuiu para o suporte às cotações. Assim, no mercado físico, enquanto o mês de julho fechou com o bebida dura no sul de Minas cotada a R$ 235 a saca, o mês de agosto chegou ao final com cotação de R$ 245, com alta de 4% no comparativo. Uma mostra de que o mercado podia ter sido bem melhor ao produtor não fosse a crise financeira no mundo é que o preço do café chegou a uma máxima de R$ 263 a saca no Sul de Minas em agosto, antes das quedas nas bolsas.


 


 


Diário do Comércio

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