A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas – BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realiza, nesta terça-feira, 4 de setembro, uma capacitação sobre moko e Sigatoka-negra, as principais doenças quarentenárias da bananeira.
Está prevista a participação de cerca de 60 técnicos da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S/A (EBDA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacueira (Ceplac). Os instrutores são os pesquisadores Aristoteles Pires de Matos e Zilton José Maciel Cordeiro, fitopatologistas da Embrapa que vão falar sobre o moko e a Sigatoka-negra, respectivamente.
O treinamento foi solicitado pela Adab. “As recentes notificações de focos de moko em Sergipe e Alagoas, estados que fazem divisa com a Bahia, têm preocupado o governo e os nossos bananicultores, principalmente os pequenos produtores, que têm nessa atividade sua principal fonte de renda. O controle da doença torna-se um desafio para produtores, técnicos e pesquisadores”, afirma Cássio Ramos Peixoto, diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab.
As doenças
Causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis Morelet, a Sigatoka-negra ataca severamente as variedades tipo Prata e Cavendish. “É a mais grave e temida doença da bananeira no mundo, implicando em aumento significativo de perdas, que podem chegar a 100% da produção, onde o controle não é realizado”, explica Zilton Cordeiro. O desenvolvimento de lesões de Sigatoka e a sua disseminação são fortemente influenciados por fatores ambientais como umidade, temperatura e vento.
A constatação da doença no Brasil ocorreu em 1998, seguindo uma rota de disseminação que começou na América Central e se estendeu por toda a América do Sul. Está presente nos Estados da Região Norte (exceto Tocantins), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
No ano passado, a Bahia se tornou o primeiro estado brasileiro reconhecido pelo Ministério da Agricultura como área livre da Sigatoka-negra, principal doença da bananicultura em todo o mundo. Os papéis da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, como responsável pela geração e pelo desenvolvimento de variedades resistentes à doença, e da Adab, como órgão de fiscalização da defesa sanitária, foram fundamentais para a certificação.
Causada pela bactéria Ralstonia solanacearum Smith (Pseudomonas solanacearum) raça 2, o moko ou murcha bacteriana está presente em todos os Estados da região Norte, com exceção do Acre. A transmissão e disseminação pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se destaca o uso de ferramentas infectadas e a contaminação de raiz para raiz ou do solo para a raiz. Outro veículo importante de transmissão são os insetos visitadores de inflorescências, tais como abelhas (Trigona spp.), vespas (Polybia spp.), mosca-das-frutas (Drosophyla spp.) e muitos outros gêneros.
“As perdas causadas pela doença podem atingir até 100% da produção, mas com vigilância permanente e erradicação de plantas afetadas, é possível conviver com a doença e mantê-la em baixa percentagem de incidência”, afirma Aristoteles Matos.
A cultura
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia é o maior produtor de banana do país, com uma produção de 1.191.907 toneladas e área plantada de 83.496 hectares. É uma das atividades mais importantes do agronegócio baiano.
Na Bahia, estão implantados diversos projetos de agricultura irrigada, onde a banana tem se destacado entre as principais culturas exploradas. O projeto Formoso é um desses pólos, localizado no município de Bom Jesus da Lapa, sendo irrigado pelas águas do rio Correntes, um importante afluente do São Francisco.
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical