´Imagina o Brasil acordando de manhã sem café. Seria uma revolução´

por admin_ideale

 


Principal atividade agrícola do Espírito Santo, a cafeicultura emprega 33% da população ativa do Estado e está presente em todos os municípios. Ocupa cerca de 500 mil hectares de área em 60 mil propriedades (das 90 mil existentes), e representa, sozinha, 40% do PIB agrícola do Estado. A atividade envolve cerca de 130 mil famílias, gerando aproximadamente 400 mil postos de trabalho diretos e indiretos.


 


Responsável por grande parte da produção nacional de café conilon, o Espírito Santo possui 300 mil hectares, em 40 mil propriedades, que cultivam a variedade.  Principal fator econômico de dezenas de municípios, o café é um símbolo do Estado capixaba. Em entrevista ao Portal Campo Vivo, o historiador e secretário de cultura de Linhares, Antonio Bezerra Neto, fala sobre a importância do café.



 


Campo Vivo: Fazendo uma análise histórica, até que ponto nós podemos dizer que o café é importante para o nosso dia-a-dia?


Bezerra: Do ponto de vista sociológico, econômico e político, eu diria que a república, esse sistema que nós vivemos hoje, o império viveu permanentemente sob a batuta do café, o império se sustentou com o café, e a república, basicamente até o advento da industrialização, também sobreviveu em função do café. Então, eu diria sem receio, sem nenhuma ressalva de algum historiador, que o Brasil viveu praticamente dois séculos tutelado pelo café. Não se escreve a história do Brasil sem a inserção do café. O café foi magistral para criar essa brasilidade, e inclusive para acolher pessoas de origem italiana. Os italianos chegam ao Brasil basicamente em função do café, para substituir a mão-de-obra escrava.


 


Campo Vivo: E, consequentemente, o Espírito Santo está nesse contexto. A questão da imigração italiana quando chega ao Estado e tem no café sua principal atividade…


Bezerra: Perfeitamente. Quando você vê um município como Santa Teresa hoje produzindo frutos de clima temperado, clima subtropical, você tem que pensar no ontem. Um velho dramaturgo espanhol dizia que “nós não somos de hoje, nós somos de ontem”. Então, qualquer descendente de italiano tem que sempre pensar nesse aspecto: eu sou de uma maneira ou de outra um filhinho do processo cafeeiro. O café foi fundamental e continua sendo fundamental para o Espírito Santo. E vai continuar, nada impede. É interessante produzir café, emprega mão-de-obra, é uma cultura de grande teor de sociabilidade. É um presente da natureza o Espírito Santo dispor desse universo cafeeiro.


 




 


Campo Vivo: Apesar dessa diversificação nos últimos anos, o café ainda predomina aqui no Estado e em diversos municípios são sustentados pela economia cafeeira. Não só a questão da produção, mas a bebida também passa a ser um componente fundamental que nós não podemos até mesmo dissociar da nossa vida, do cotidiano das pessoas.


Bezerra: Claro. Eu quando estava em Cuba, o pessoal conversava muito claramente sobre isso. “O regime de Castro pode suspender tudo, menos o café e o tabaco”. Nós nunca ficamos basicamente sem café, mesmo quem nasceu no semi-árido como eu, nunca fiquei sem café diariamente. Você imagina um país desses como o nosso acordando de manhã sem café. Seria uma revolução. Quando faltou bebida nos Estados Unidos a situação foi muito difícil. Então, você imagina a falta do café. O café hoje permeia praticamente todo mundo. O chinês está parando de tomar chá para tomar café. A Europa toda toma café. O argentino toma café. O brasileiro toma muito café. O americano toma mais café ainda de que o brasileiro. Então, o café é a grande bebida. O café não está presente só na mesa do intelectual, mas do camponês que vai trabalhar logo cedo com uma caneca de café, do proletário. O café faz parte do imaginário, do processo histórico e social. O Brasil sem café seria uma grande inviabilidade.


 


Campo Vivo: Nas expressões culturais, podemos afirmar que todas as civilizações estão ligadas diretamente com o café?


Bezerra: O café é mais popular de que o futebol. O café é a quinta essência da brasilidade. O café é algo de uma essencialidade, faz parte do tecido cultural brasileiro. Chega a impressionar!


 


Redação Campo Vivo


 


 


 


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