Chuvas e temperaturas variáveis caracterizarão primavera

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O inverno já vai terminando e a primavera se aproxima. Em 23 de setembro, a estação das flores chegará, oficialmente, às 6:52h. E a expectativa para os três próximos meses é de que, em algumas regiões do país, ainda haja períodos com ausência de chuvas; já outras regiões terão o volume considerado normal de precipitação.


A previsão é do meteorologista e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Williams Ferreira. De acordo com ele, as anomalias verificadas atualmente na temperatura da superfície marítima estão mais fracas do que nos últimos meses e não podem ser caracterizadas como condições do fenômeno La Niña. Existe, no entanto, a expectativa de que, nos próximos meses, essas condições aconteçam.
“Já há um sinal, em função da variação atual da temperatura na parte central e oriental do Oceano Pacífico, de que o período pelo qual estamos passando desde fevereiro deste ano seja caracterizado somente como condições neutras do Enso”, afirma. Enso é a interação entre o El Niño (que se refere ao aquecimento superficial de parte do Oceano Pacífico) e a Oscilação Sul (que é uma medida da intensidade dos centros de pressão atmosférica à superfície entre a Austrália e o Taiti).
Neste período de ausência de chuvas, que atinge grande parte do território brasileiro, a umidade relativa do ar é bastante baixa e chega a níveis críticos em algumas regiões, sobretudo no Centro-Oeste brasileiro. Com isso, aumentam as doenças ligadas ao aparelho respiratório, que atingem principalmente crianças e idosos. Outra consequência negativa do baixo volume de chuvas é a recorrente cena de queimadas e incêndios. Parques florestais e áreas urbanas têm sido devastados com frequência assustadora.
MÊS A MÊS – Em setembro, há aproximadamente 40% de chance de o total de chuvas ser abaixo da média normal dos últimos meses de setembro em uma grande área que parte do litoral brasileiro (próxima a Mogi das Cruzes-SP) e se estende em direção ao Noroeste do país, passando por São José do Rio Preto-SP, Abadiânia-GO, Gaúcha do Norte e Juara, ambas no Mato Grosso, chegando até a Cadajás, na região central do Amazonas, e vai até o extremo Norte do país, em Amajari-RR. Já na região formada entre Primeira Cruz, no litoral maranhense, Floriano-PI, Breu Branco e Uruara, ambas no Pará, Presidente Figueiredo-AM, Oriximiná-PA e Macapá-AP a probabilidade de as chuvas ficarem abaixo da média do período aumenta para 45%.
Ainda em setembro, segundo Williams, espera-se que em uma área que fica entre Fortaleza, no Ceará, Mauriti, no Sul desse estado, e Araioses, no Leste maranhense, chova um volume menor que 30mm, o que pode ser considerado um período de seca. Outra região que sofrerá com a falta de chuvas é a situada entre o Sudeste baiano e Jacinto, município situado no Vale do Jequitinhonha mineiro. Ao contrário, a ausência de chuvas será menos intensa em uma faixa que vai do extremo Norte de Minas Gerais, na região de Espinosa, até Ataléia, que fica a Leste desse estado. E nos litorais de Alagoas, Pernambuco e Paraíba a expectativa é de que ocorram chuvas acima ou dentro da média do mês de setembro.
Em outubro, a área com probabilidade aproximada de 40% de ocorrência de chuvas abaixo da média histórica será menor e estará compreendida entre o litoral brasileiro, numa faixa situada no Sertão alagoano que segue em direção ao Vale do São Francisco, na Bahia, passando pelo Sudoeste do Piauí e chegando a Altamira-PA, Borba-AM e, desse município, seguindo rumo ao Norte até Caroebe-RR. Em outra pequena faixa, entre Ourem e Gurupá, ambas no Pará, e Oiapoque-AP, chegam a 45% as probabilidades de redução no volume mensal de chuvas. O Nordeste mineiro, o Sudeste da Bahia e o Norte capixaba poderão apresentar ausência de chuvas. Ao contrário, o litoral Sul do Rio de Janeiro e a região Sul de Minas Gerais poderão apresentar volume de chuvas próximo do normal para o período. Por fim, novembro deve ter 40% de probabilidade de redução no volume de chuvas na região que vai do litoral nordestino, na altura de Maragogi-AL, passa por Abaré-BA, Patos-PI, Belágua-MA, Anapu-PA e chega a Vitória do Jari e a Macapá, ambas situadas no Amapá.
Temperatura – Com relação à temperatura para o mês de setembro, há 40% de probabilidade de que fique abaixo da média do período em uma faixa que vai do litoral, entre Canavieiras e Barro Alto, ambas na Bahia, até Poço Redondo, no Sertão de Sergipe. Ao contrário, nas regiões próximas às cidades de Campo dos Goitacazes, no Norte do Rio de Janeiro, Anita Garibaldi, na região serrana de Santa Catarina, e Uberaba, no Triângulo Mineiro, há até 40% de probabilidade de que a temperatura em setembro fique acima da média histórica. Em Cuiabá-MT, as chances são ainda maiores: 45%. E em grande parte dos estados do Amazonas e do Pará, além do Norte do Mato Grosso, a possibilidade de que a temperatura seja maior que a média em setembro chega até a 50%.
Williams Ferreira destaca que a concretização das previsões depende, entre outros fatores, do comportamento da temperatura do Oceano Pacífico Norte, que varia consideravelmente. Por isso, o pesquisador justifica a necessidade da continuidade nas previsões, considerando-se o que efetivamente aconteceu. “É importante lembrar ainda que a previsão climática em escala temporal e espacial não considera os fatores de influência local ou regional, sendo direcionada para grandes áreas e para médias temporais em longos períodos”, acrescenta, explicando que são esperadas variações locais isoladas e mudanças estacionais associada à sazonalidade.


 


 


 


Embrapa Milho e Sorgo

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