ESPECIAL TECNOLOGIA: Número de colheitadeiras salta para 76 beneficiando 602 mil sacas de Conilon em 2024

O Incaper tem realizado estudos para adaptações nas lavouras para uso do maquinário que já representa 6,01% da produção capixaba

por Portal Campo Vivo
Imagem gerada por IA

Em menos de dois anos, saltou de 22 para 76 o número de colheitadeiras automotriz utilizadas na colheita do café conilon no Espírito Santo. Dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) revelam que em 2024 foram beneficiadas 602 mil sacas com o uso da tecnologia, o correspondente a 6,01% da produção capixaba.

Ao longo do tempo, diversas adaptações foram realizadas para potencializar os benefícios da tecnologia, explica o pesquisador do Incaper na Fazenda Experimental de Marilândia-ES, Paulo Sérgio Volpi.  

“Conseguimos reduzir de 10% para apenas 2% o número de grãos que ficam na planta durante a colheita. Com os novos espaçamentos vamos melhorar a eficiência de 10% a 11% do café que fica no chão e que é preciso fazer a varredura com implementos acoplados no trator de assopro e, depois, usar outro maquinário para recolhimento. Isso acontece porque os produtores compraram as máquinas e as lavouras já estavam plantadas. Agora estamos adaptando as áreas conforme a funcionalidade da máquina”, disse o pesquisador.

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São muitos os benefícios já elencados com o uso da automotriz, como driblar a escassez de mão de obra, já que em um hectare apenas um colaborador é necessário, se comparado a convencional que são em torno de 32 colaboradores, e na semimecanizada em média 16. Este último, ainda, é exigido pelo Ministério do Trabalho que os colaboradores façam um curso de três dias, ministrado pelo Senar, sobre manuseio e segurança na colheita.

“Com a otimização da mão de obra, a colheitadeira permitirá que o produtor potencialize novos plantios de café. O custo, apesar de semelhante à colheita manual e equivalente à semimecanizada, é notório o benefício da rapidez da colheita e a melhor qualidade do fruto, já que a máquina colhe um hectare por dia, não havendo necessidade de esperar dias, como ocorre muitas vezes, para encher um secador. Essa forma de condução sem desrama (poda) também diminui o impacto das desfolhas para o próximo ano”, explicou Volpi.

Paulo Sérgio Volpi, pesquisador do Incaper na Fazenda Experimental de Marilândia/ES.

Outra adaptação feita na colheitadeira foi referente à velocidade, reduzida a 500 metros por hora, com uma única passada. “À medida que passa mais de uma vez há uma desfolha maior, o que agride a planta. Preferimos reduzir a velocidade para diminuir o impacto da desfolha para o ano subsequente, já que uma folha corresponde a cinco frutos na carga. Quanto menor a desfolha, maior a produtividade”, alertou.

Outro estudo que segue sendo realizado pelo Incaper, no município de Vila Valério/ES, na propriedade de Rodrigo Colombi Frota, é sobre os clones que melhor atendem o uso das máquinas.

“Os testes estão sendo feitos e vamos levar um tempo para indicar a melhor genética para esta tecnologia. O que temos de concreto é que há uma necessidade do uso da tecnologia no sistema produtivo devido à escassez de mão de obra e para diminuição do custo. Em no máximo cinco anos o uso da tecnologia vai expandir, mais produtores vão ter o interesse em adquirir a automotriz e até terceirizar o serviço para o vizinho, agregando valor ao maquinário”, ponderou o pesquisador do Incaper.

Produtores de conilon driblam falta de mão de obra com uso de colheitadeira automotriz

Mais agilidade e rentabilidade na operação é o que tem despertado o investimento no maquinário

Apesar de exigir do cafeicultor um investimento inicial alto, a migração da colheita manual para a mecanizada com o uso da colheitadeira automotriz garante mais agilidade e rentabilidade na operação. É o que garante o produtor rural e médico, Rodrigo Colombi Frota, precursor no Espírito Santo na aquisição do maquinário na colheita de café Conilon. O produtor do município de Vila Valério/ES já colhe os frutos do investimento que iniciou há 3 anos.

A ideia de trazer o equipamento de terras mineiras para as capixabas foi em decorrência da dificuldade em encontrar colaboradores qualificados para a extração do grão no período da safra.

Produtor Rodrigo Colombi Frota, precursor no Espírito Santo na aquisição do maquinário na colheita de Conilon

“O maquinário substitui cerca de 60 pessoas dentro da propriedade e tem a possibilidade de trabalhar 24 horas, aumentando a eficácia da colheita e com menor custo. O equipamento tem um custo elevado, mas a depender do tamanho da propriedade ele se paga, dá lucro e requer pouca manutenção”, declara o produtor.

Rodrigo destaca que são inúmeras as vantagens do equipamento, mas a indústria ainda precisa realizar adequações para menor desfolhamento, reforçando que o segredo para sua eficiência é o produtor adequar a lavoura para uso da máquina.

“A máquina foi desenvolvida para trabalhar na região de café arábica, com plantas com uma haste. Aqui no Espírito Santo temos a cultura de plantar café num espaçamento para trabalhar com até quatro hastes. Em breve, o produtor que não se adequar não vai colher, devido à escassez de mão de obra. A mecanização já é uma realidade, como aconteceu com diversas culturas como o milho, a soja e o algodão. Leva tempo sim para adequar a lavoura, mas colheremos ainda mais frutos lá na frente”, comentou.

Especial Tecnologia – Revista Campo Vivo. Edição nº 52, jan/25.

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