Os produtores de gengibre do Espírito Santo começaram a colheita do ano com ótimas notícias: o gengibre veio caprichado e o preço de venda está bem mais alto do que no último ano. Enquanto em 2007 o quilo foi vendido em média por R$ 0,50, este ano alguns produtores já conseguiram até R$ 1,40/kg.
O lucro líquido varia entre R$ 10,00 e R$ 45 mil por hectare (ha), de acordo com a produtividade da lavoura, se considerar o preço médio de venda de R$ 1,00/kg. O agricultor que alcança maior produtividade, uma média de 60 toneladas/ha, vai lucrar R$ 45 mil líquido por hectare. Já as lavouras com baixa produtividade, 15 toneladas/ha, vai gerar para o produtor lucro de R$ 10 mil/ha.
O técnico do Incaper de Santa Leopoldina, João Paulo Ramos, afirma que este ano o destaque é o bom preço da mercadoria e a alta produtividade daqueles produtores que investiram em qualidade. ”A produtividade média por hectare está em torno de 40 toneladas. Os produtores que dedicam maior trato à lavora conseguem produtividade maior, qualidade superior e remuneração diferenciada”.
De acordo com Augusto César Rodrigues, gerente da Gaia Raízes, empresa capixaba que deverá exportar este ano 1,2 toneladas da especiaria, “talvez esse seja um dos melhores anos para quem produz gengibre de qualidade”, garante.
O gengibre tem características de comercialização bem peculiares. O maior produtor mundial e exportador é a China, que preenche o mercado com produto de baixa qualidade. O Brasil só consegue competir com os chineses porque tem uma raiz de alto padrão. “O mercado é promissor, pois o consumo está aumentando”, afirma Augusto Rodrigues.
Mas para o produto atingir uma boa qualidade, é necessária muita mão-de-obra. Por isso a cultura deu certo no Estado, já que é essencialmente desenvolvida por agricultores familiares.
O produtor de gengibre de Santa Maria de Jetibá, Valdelin Schimidt, tem 1,3 hectares em produção e deve colher 70 toneladas/ha. Ele lembra que ano passado vendeu a R$ 0,57/Kg (R$ 8,00 a caixa). Este ano já está conseguindo R$ 1,57 pelo quilo do produto (R$ 22,00 a caixa). “Está muito bom esse ano, muitos não quiseram plantar porque ano passado foi ruim, mas a gente quis tentar e deu certo”, comemora junto com a sua esposa, a produtora Ednéia Schimidt.
Produção capixaba
O Espírito Santo possui 200 hectares com plantio de gengibre e produz seis mil toneladas/ano, o equivalente a 30 ton/ha. Desse total, 1,8 mil toneladas serão exportadas pelo Estado. O restante é comprado por outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Mas essa produção já atingiu, em 2005, 12 mil toneladas. A queda deve-se, principalmente, às mudanças no preparo do gengibre. Os produtores o limpam e o deixam pronto para a venda. Mas esse processo, principalmente a retirada das raízes com doença ou os de má qualidade, tem sido feito próximo aos rios, o que contamina a água que será usada posteriormente para a irrigação da própria lavoura. Isso tem levado doenças para as novas produções e diminuído a produtividade.
Curiosidades
O gengibre pode ser consumido ao natural, ralado, como tempero em vários pratos de cozinha oriental e ocidental, cortado em fatias bem finas para conservas com vinagre, ou secos, como aromatizante de refrigerantes, bebidas alcoólicas, licores, condimentos, doces, geléias e sorvetes. Além de ser excelente para o tempero de alguns pratos, o gengibre é estimulante da digestão, e ainda é expectorante. O chá combate tosses, bronquites, resfriados, asma, rouquidão e catarros crônicos.