
A paixão por produzir café tem ultrapassado o antigo desejo de estocar sacas para vendas em armazéns, para o sonho de transformar os grãos em experiência única para o consumidor, onde sabor e história se unem. De um lado o produtor, como Welber Rosa Galavotti, de Rio Quartel. Após anos se dedicando a técnicas de cultivo, se prepara para alçar voos e alcançar o mercado com seu café especial. De outro, a Kissia C. Campo Dal’Orto, mestre de Torra, que vai processar os grãos do produtor para que ele chegue até às prateleiras dos supermercados.
Há três anos o Welber produziu o café para consumo da família e presenteou amigos. Conta que em um segundo momento a maturação dos grãos não ocorreu como esperado e a produção foi pequena. Mas ele não desistiu, se organizou e selecionou fileiras de clones que considera especiais para na hora certa, agora, em 2025, colher e produzir em maior escala.
“Nesta safra, que deve iniciar daqui uns 60 dias, já separamos carreiras de clones que têm uma maturação melhor. É um café que a gente vem testando e que imprime mais sabor ao grão. Deixamos ficar bem vermelhinhos para entrar colhendo. Esse ano quero atender uma rede, que me procurou, e a expectativa é comercializar uma tonelada de café especial”, comentou o produtor, informando que sua marca já foi patenteada e o rótulo elaborado.

Apesar de já ter feito cursos, Welber vai terceirizar, mais uma vez, a torrefação dos grãos, processo que inclui a torra, moagem e envasamento, feito pela empresa Flor de Lis: Cafés Especiais & Torrefação que, inclusive atende, além do Espírito Santo produtores do sul da Bahia e Minas Gerais. Em média são torradas pela empresa até 300 kg de café especiais por semana, com volumes artesanais.
A proprietária, Kissia Coutinho Campo Dal’Orto, também produtora de conilon especial, pontuou que por muitos anos os cafeicultores do Norte do Estado estiveram focados na produção de commodities e de grandes volumes. Destaca que hoje o mercado de café internacional e o desenvolvimento industrial da região passam por um momento singular e que é preciso aproveitar as oportunidades.
“Este é o momento perfeito para melhorar nosso posicionamento de mercado como produtores de café com qualidade. Eu sempre defendo que a verticalização dos produtos, feita diretamente pelos produtores, é a oportunidade perfeita para validar esse mercado. Os lotes artesanais são fundamentais para que o grande mercado entenda o potencial do nosso produto. Além disso, para pequenos produtores pode ser uma fonte de renda importante”, detalhou a mestre de Torra.

Processos aprimorados
A empresária destaca que, principalmente os produtores de conilon, tem aprimorado cada vez mais os processos de pós-colheita com foco na qualidade. Relata que existem muitas opções de montagem para esses processos e que o produtor deve avaliar a área disponível para implantação e a capacidade produtiva para fazer a melhor escolha.
“Os processos, resumidamente, consistem em: colher as cerejas mais maduras possíveis – essa prática é uma das mais importantes. Se for utilizar via seca, secar com baixa temperatura e de forma lenta, utilizando lenha bem seca. Para os processos de qualidade utilizar, de preferência, secadores de fogo indireto para evitar gosto de fumaça nos grãos. Se o produtor usar via úmida, utilizar o lavador para remover os grãos defeituosos, seguido do despolpador. A secagem em terreiros é muito bem-vinda, porém é mais indicada a pequenas áreas”, explicou Kissia.
Mercado exigente
O mercado está cada vez mais exigente. É crescente o número de consumidores que buscam se aprofundar, conhecer de onde vem o café, quais diferentes sabores e aromas podem experimentar, e compreender como obter os melhores resultados preparando a bebida em casa. A mestre de Torra, Kissia Coutinho Campo Dal’Orto, ressalta que mais que entender o mercado, é fundamental que o produtor conheça o seu produto.
“Educar um mercado consumidor sobre a qualidade do café conilon que produzimos será mais fácil quando os produtores entenderem sobre o sabor do café bem preparado. Inclusive, consta na nossa programação oferecer ao longo do ano encontros para degustação dos cafés que torramos para aproximar os produtores dos sabores das xícaras. Também estamos organizando um calendário com visitas à propriedade para que o público tenha uma experiência completa que vai da planta até a xícara”, comentou.
Para conhecer sobre esse trabalho e para os produtores interessados pelos serviços de torrefação o contato é 27 99958-4035.
Redação Campo Vivo