ARTIGO – “Tragédia de Mariana”

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Rompe-se a barragem,
Derrama a lama, 
Descendo a montanha
Como minério incandescente
Que sai dos alto-fornos e fornalhas.
Uma avalanche de escorias e argilas,
Destrói tudo, quebra e arrasta 
Toras, vegetais, animais, bens e gente.
Não escolhe vítimas, nem resistências,
Prédios, pontes, casas, igrejas e escolas,
Arrasta crianças, gestantes e idosos
E com eles destrói, junto, a história. 
Povoados, vilas, estradas e caminhos.
 
Onde havia nascentes, rios e córregos,
Um mar de lama, galhos, destroços.
Desce veloz, montanha abaixo,
Matando tudo, esterilizando tudo,
Extinguindo a vida, por onde passa.
Levando junto a esperança, a sobrevivência
De pessoas e comunidades do entorno.
 
A empresa e os governos ficam imóveis.
E os planos de contingência? 
Se existem, porque não os acionaram?
Se não existe, quem se omitiu?
Será que nunca pensaram, 
Em tudo que estava a jusante?
Cidades, pessoas, rios, monumentos, 
Pastos, cultivos, criações, lagos
Peixes… ah, e o mar. A vida do mar.
 
Mar das povoações e do povo capixaba,
Antes que dos brasileiros. 
Tingidas suas águas de vermelho.
Não bastaram nos tirar do Rio Doce
A vida, a aura, o cheiro e o romance.
Querem nos tomar o mar. Matar o mar.
Turvar a Água, destruir a flora e a fauna. 
Tudo o que é da essência capixaba.
 
Mas da tragédia, como fênix na mitologia,
Os capixabas farão ressurgir das cinzas,
Um novo Rio Doce, e um novo Mar.
Nunca como o originário, é verdade,
Até porque já vinham claudicantes, 
Por histórico uso irregular.
 
Seguramente com muito esforço,
E com o duro aprendizado da tragédia,
Vamos fazer um mutirão permanente,
Governos, organizações civis e população,
 Para deixar aos nossos filhos e netos. 
O legado de uma história de superação.
 
 
 
 
Helder Paulo Carnielli – Engenheiro Agrônomo – Presidente do Crea-ES
Wolmar Roque Loss – Engenheiro Agrônomo – Superintendente do Crea-ES
 

 

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