ARTIGO: Movimentos da indústria do café sinalizam forte concentração do mercado

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por Wolmar Roque Loss, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Economia Rural, Desenvolvimento Econômico e Advogado

Não é de agora que a cafeicultura brasileira vem sendo pressionada para ampliar a abertura de mercado, incluindo demandas do setor para importar café verde em regime drawback.

Argumenta a indústria que os importadores de cafés industrializados do Brasil estão aumentando as exigências por novas composições de blends, o que incluiria a mistura com cafés originários de outros países produtores.

De outra parte, a indústria de solúvel argumenta perda de espaços no mercado mundial, especialmente visando à conquista ou ampliação de sua participação nos mercados emergentes, em vista dos elevados preços internos do conilon.

NO 26º ENCAFE – O Encontro da Indústria Brasileira de Café – realizado pela ABIC em Punta del Este, segundo informações veiculadas no Valor Econômico, em vários momentos analistas do mercado, em suas exposições, confirmaram a tendência de aumento da demanda internacional e a continuidade do  movimento de consolidação do segmento industrial, em todo o mundo.

O crescimento do consumo de café vem sendo liderado por países da Ásia e Oriente Médio, mas cresce em todo o mundo. As grandes multinacionais do segmento, especialmente industrial, vêm se movimentando, com fusões e aquisições, para tentar conquistar participação mais elevada no mercado.

Recentemente, à boca pequena, tem sido observado e dito que a Nestlé deixou de comprar, desde o início deste, café conilon do Brasil para suas plantas industriais de nesspresso, substituindo-o pelo Café Robusta de Uganda.

Esse movimento da Nestlé está na esteira das mudanças recentes no padrão de consumo, puxado pelo aumento da demanda por café em países em desenvolvimento, que alcança a todos os grandes players do segmento que buscam se adaptar às mudanças no consumo da bebida, para conquistar novas fatias no mercado.

Para se entender os movimentos da indústria mundial, nNão se pode perder de vista a lógica da competitividade na indústria, e a busca de outros cafés robusta pela Nestle visa também pressionar a abertura de importações de café verde pelo Brasil, retomando, neste diapasão, o debate recente sobre o regime drawback.

As lideranças dos produtores precisam pensar nisso, e reavaliar seus posicionamentos, porquanto a concentração do mercado industrial, especialmente dos solúveis, veio pra ficar, e pode deprimir preços, no médio e longo prazos, para os produtores de conilon, no Brasil.

Este artigo foi publicado na 40ª Edição da Revista Campo Vivo

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