ARTIGO: Diversificação agropecuária como fator de desenvolvimento

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*por Franco Fiorot

Ao analisarmos fatores determinantes para o sucesso no desenvolvimento econômico e social temos o elemento produtividade como ponto chave. Especialistas praticamente têm consenso que a única fonte de crescimento sustentado no longo prazo é o aumento de produtividade nos variados setores da economia.

Na agropecuária, a produtividade pode estar atrelada ao nível de capital humano envolvido e de tecnologia que uma propriedade emprega em seu dia a dia, seja em máquinas e equipamentos, em insumos ou na gestão. Independe do perfil fundiário da terra, a tecnologia no agro está disponível para que tenhamos avanços expressivos. Embora tenhamos diversos fatores que influem na melhora dos indicadores de produtividade avaliemos pela ótica do aproveitamento da terra e compartilhamento de custos fixos, por exemplo.

Nesta linha, o fator diversificação torna-se muito relevante para melhores resultados produtivos. É possível produzir mais na mesma área. A mudança cultural, nesse caso, é uma grande aliada para que o modelo de produção rural esteja aberto para ampliar o leque de atividades econômicas. Temos exemplos de diversificação no campo em vários formatos, seja com consórcios entre culturas agrícolas, na integração lavoura, pecuária e floresta, ou mesmo na coragem de investir em áreas “esquecidas” na propriedade, mas que tenha potencial para gerar renda com atividades altamente rentáveis.

É preciso deixar a monocultura e inovar com a diversificação. Isso, inovar. A ação inovadora não está baseada somente em adoção de modernas tecnologias digitais, mas também na mudança de hábito. Diversificar no agro, por exemplo, com o investimento em novas atividades é um ato de inovação. A fruticultura e olericultura são exemplos de possibilidade para agregar renda no campo aproveitando a terra para rentabilizar o negócio. Municípios com atividades agropecuárias diversas têm apresentado resultados mais positivos na contribuição do setor na economia local.

Dados recentes do IBGE apontam que Santa Maria de Jetibá, Linhares, São Mateus e Domingos Martins concentram mais de 25% do valor adicionado bruto da Agropecuária do Espírito Santo, índice que representa o valor movimentado da produção rural (dentro da porteira) na economia local. Esses municípios possuem, em comum, atuação destacada de setores diversos do agro.

Em Santa Maria de Jetibá, na região serrana, a avicultura de postura (produção de ovos) e a produção de hortaliças contribuem decisivamente na agregação de valor da produção rural. Já Linhares, norte do Estado, tem, além do café, produção expressiva de mamão, cacau, banana, tilápias, coco, entre outros. Todos com participação relevante no valor gerado para a economia local aliada ao processo de agroindustrialização ainda que eleva o desenvolvimento econômico regional.

Novos saltos de desenvolvimentos regionais podem se dar através do avanço da diversificação no campo. Seja pelo incremento da fruticultura, olericultura, avicultura, piscicultura, entre outras diversas opções que podem ser aproveitadas pelos nossos empreendedores rurais.

Um exemplo recente é o Programa Municipal de Fruticultura de Linhares/ES que criou polos de frutas de acordo com as características agronômicas e culturais das famílias rurais do município com fomento de mudas frutíferas perenes, acompanhamento técnico e conexão com o mercado. Em regiões com predomínio da monocultura, o cultivo de frutas passa a ter papel fundamental na diversificação rural por possibilitar mais rentabilidade em menores áreas e o envolvimento de mão de obra familiar.

Até mesmo o café, nosso principal produto da economia rural e tão enraizado nos capixabas, pode e deve passar por processos de diversificação na atividade. Por exemplo, produzindo diferentes lotes de café com qualidade superior e verticalizando a produção do grão para atender direto ao consumidor.

É essencial que as instituições públicas (nas esferas municipal, estadual e federal) e privadas tracem políticas públicas consistentes e convergentes, bem planejadas e executadas, para levar
às nossas regiões produtivas projetos exequíveis que potencialize nossos pontos fortes, em especial a força de trabalho dos nossos produtores rurais, e contribua no desenvolvimento socioeconômico do nosso lindo e produtivo interior capixaba.

 

*Franco Fiorot

Especialista em Gestão do Agronegócio

Secretário de Agricultura de Linhares/ES

Presidente do FOSEMAG – Fórum de Secretários Municipais de Agricultura do Espírito Santo

 


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