
O ano de 2024 foi marcado por resultados expressivos para o agronegócio do Espírito Santo. O estado alcançou um marco histórico ao registrar exportações superiores a US$ 3,6 bilhões, um crescimento de 69,4% em relação a 2023. Esse desempenho destacou-se no cenário nacional, especialmente quando comparado ao crescimento de apenas 1,3% nas exportações do agronegócio brasileiro, que totalizaram US$ 164,4 bilhões no mesmo período.
O café conilon foi o principal produto da pauta exportadora capixaba, com aproximadamente 7,6 milhões de sacas exportadas em 2024, representando 76% do total nacional. Além disso, o Espírito Santo consolidou sua liderança na exportação de gengibre, pimenta-do-reino e mamão, respondendo por 62%, 58% e 44% do volume exportado pelo Brasil, respectivamente.
Além do desempenho no comércio exterior, o crédito rural também registrou avanços significativos. Nos primeiros seis meses do ano-safra 2024/2025, houve um incremento de 10,9% na aplicação de recursos, totalizando R$ 5,1 bilhões. O Espírito Santo foi o único estado brasileiro a apresentar crescimento na concessão de crédito, enquanto, no balanço nacional, houve uma retração de 23%. Esse avanço reflete a confiança dos produtores e o apoio contínuo das instituições financeiras ao setor agropecuário.
Entretanto, os desafios impostos pelas mudanças climáticas foram evidentes. Eventos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, impactaram a produtividade agrícola. Um relatório da Deloitte (2024) aponta que 70% dos líderes empresariais reconhecem impactos climáticos significativos em suas estratégias, e 45% veem a necessidade de transformar seus modelos de negócios para incorporar a sustentabilidade como eixo central.
Nesse cenário, a inovação surge como aliada essencial. A adoção de tecnologias avançadas, como inteligência artificial para monitoramento climático e sistemas de irrigação de alta eficiência, tem sido fundamental para mitigar os efeitos adversos do clima e otimizar a produção. Além disso, práticas agrícolas regenerativas vêm ganhando espaço, promovendo a conservação dos recursos naturais e o aumento da resiliência produtiva.
Para 2025, as perspectivas são promissoras, com expectativa de recuperação das safras de conilon e pimenta-do-reino, além de um cenário de preços sustentados no mercado internacional, impulsionado pelas projeções para a produção global. O mesmo ocorre com o cacau, cadeia na qual o Brasil e, particularmente, o Espírito Santo, despertam grande expectativa para o aumento da produção.
Na esfera pública, 2024 foi encerrado com um anúncio histórico do governo estadual: um investimento de R$ 264 milhões em infraestrutura rural, contemplando melhorias em estradas e a construção de barragens de uso múltiplo. Já para 2025, está sendo estruturado, dentro do Programa Capixaba de Mudanças Climáticas, um fundo inédito de R$ 60 milhões para o financiamento da construção de barragens em propriedades rurais. Os recursos terão taxas efetivas de 4% ao ano para a agricultura familiar e 6% ao ano para os demais produtores.
Em suma, o agronegócio do Espírito Santo demonstrou desempenho notável em 2024, superando desafios e aproveitando oportunidades. Com investimentos estratégicos e a incorporação de inovações tecnológicas, o setor está preparado para continuar crescendo e consolidar-se como referência em sustentabilidade e eficiência no cenário agropecuário brasileiro.

Michel Tesch, engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa e especialista em Gestão Empresarial pela Faesa. Atualmente é subsecretário de Desenvolvimento Rural em sua terceira passagem na Secretaria de Estado da Agricultura do ES.
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