*por Caio Fiorot
Nos últimos anos, a preocupação com a sustentabilidade ganhou destaque em diversas esferas da sociedade, especialmente no setor agrícola. O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, desempenha um papel crucial nesse contexto. No entanto, a comunicação sobre as práticas sustentáveis adotadas ainda precisa ser aprimorada.
O Estado do Espírito Santo, por exemplo, se destaca na produção de café, celulose, frutas e pimenta-do-reino (isso para falar apenas dos principais produtos da pauta exportadora), que têm grande aceitação no mercado nacional e internacional. Apesar da responsabilidade na produção e qualidade dos produtos, a imagem não reflete com eficiência as práticas sustentáveis que a maioria dos produtores têm implementado. Iniciativas como investimento em tecnologias, seja para otimizar o uso dos recursos naturais ou para aumentar eficiência produtiva, além do uso de técnicas de cultivo que respeitam a biodiversidade e a adoção de sistemas agroflorestais são exemplos de como o agronegócio capixaba busca minimizar os impactos ao meio ambiente. Isso, claro, além da preservação que já ocorre em decorrência da rigorosa legislação ambiental brasileira.
Uma comunicação clara e leve sobre essas práticas é essencial para conquistar a confiança dos consumidores. Cada vez mais, as pessoas estão atentas à origem dos alimentos e preferem opções que respeitam o meio ambiente e, ao mesmo tempo, ainda estão muito desconectadas das realidades do campo. Portanto, todos que compõem as cadeias produtivas do Espírito Santo e do Brasil, devem adotar estratégias de marketing que destaquem suas práticas sustentáveis, utilizando rótulos informativos, campanhas educativas e uma presença ativa e acima de tudo inteligente nas redes sociais.
Essa responsabilidade não é só do produtor rural e das empresas que comercializam os produtos, mas é de todos que trabalham com o agronegócio, como o comércio, indústrias, prestadores de serviço, etc. E ainda mais do que isso, poder público, associações, entidades representativas do setor, caso convirjam na mesma direção, potencializariam sobremaneira essa comunicação eficaz.
A rastreabilidade, certificação de sustentabilidade de produtos, entre outras ferramentas que existem, podem ser poderosas nesse processo. No entanto, é fundamental que os consumidores entendam o que essas certificações representam e como garantem práticas que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a saúde pública, e ainda alimentam boa parte do mundo. Por isso, um esforço conjunto de comunicação e marketing é necessário para promover informações acessíveis e esclarecedoras sobre essas ferramentas.
Além de todas essas questões, o que pra mim hoje seria o grande diferencial em um novo rumo do marketing do agro: a narrativa. Ela desempenha um papel crucial na comunicação. Contar histórias sobre a produção agrícola, os desafios enfrentados e todas as práticas sustentáveis – já citadas – que são realizadas pelas cadeias produtivas, pode criar uma conexão emocional com o público. Essa abordagem não apenas informa, mas também engaja os consumidores, tornando-os mais propensos a valorizar e escolher produtos que respeitam a sustentabilidade.
Em suma, a comunicação da sustentabilidade dos nossos produtos agrícolas é uma necessidade. Ao adotar uma abordagem proativa, leve e estratégica, os produtores podem fortalecer sua presença no mercado, posicionar melhor nossos produtos perante os grandes centros consumidores e contribuir para um futuro mais sustentável.
Não tenho dúvidas de que, isto sendo feito, muito em breve o Espírito Santo se posicionará como um exemplo de excelência em produção sustentável de alimentos. E o atual momento global do agro forma um cenário perfeito para isso.
*Caio Fiorot é diretor da
Campo Vivo – Inteligência em Agronegócios
Advogado e pós-graduando em
Psicologia do Marketing
A Campo Vivo não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos