A Câmara dos Deputados pode entrar em recesso com a pauta trancada, se os deputados não fecharem um acordo para votar a Medida Provisória 432, que trata da renegociação de R$ 75 bilhões de dívidas dos produtores rurais.
Hoje (15), o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE), manifestou preocupação com a possibilidade da matéria ser votada somente na volta do recesso parlamentar, em agosto.
“Vamos perder o benefício para o setor agropecuário, porque em 8 de outubro cai a vigência da MP. Como vamos ter agosto e setembro com esforço concentrado, era bom que a gente arredondasse a 432 para que ela não chegasse a cair e para que o setor agrícola possa renegociar suas dívidas”, disse.
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), membro da bancada ruralista, disse que a medida provisória não favorece os produtores rurais por causa dos juros altos.
“No momento que [o governo] dá apenas dois ou três anos a mais [para o produtor rural pagar a dívida] e mantém indexadores da dívida como a taxa Selic [taxa básica de juros], o IPCA [índice de preços ao consumidor amplo, que mede a inflação], que são valores estratosféricos, e os rebates que eles concedem, vão fazer com que os produtores rurais assinem e se comprometam com uma dívida ainda maior”, reclamou.
O deputado defendeu não se votar a medida provisória como proposta pelo governo. “Isso pode sinalizar num primeiro momento uma regularização das contas dos produtores rurais, mas logo a seguir ele estará privado do custeio agrícola, ele não terá acesso ao crédito rural”, argumentou.
A MP propõe a renegociação de R$ 75 bilhões dos R$ 87 bilhões das dívidas rurais contraídas nas décadas de 80 e 90, com descontos para a liquidação antecipada e redução dos saldos devedores.
Agência Brasil

