As entidades representativas dos profissionais de engenharia agronômica e florestal, dos produtores rurais e demais instituições ligadas ao agronegócio florestal no Espírito Santo, abaixo assinadas, manifestam-se surpresas e ao mesmo tempo apreensivas com o embaraço criado pelos nossos legisladores em torno do plantio do eucalipto em alguns municípios, no caso mais recente, a lei que proíbe o plantio, e obriga a remoção, em até 5 anos, das áreas já estabelecidas com o cultivo do eucalipto no município da Serra-ES.
Estas leis são formuladas e promulgadas com a falsa informação de que os plantios de eucalipto sugam as águas disponíveis como se fossem bombas d’água, e danificam o solo, só porque crescem e estão prontas para uso em sete anos. Tais legislações são propostas e aprovadas sem fundamentação técnica-científica e sem conhecimento aprofundado sobre o assunto. Essa questão, suscitada periodicamente, já vem sendo estudada e discutida a algum tempo por Universidades renomadas, Organizações não governamentais, Órgãos fiscalizadores, empresas privadas, entre outras, buscando responder a questionamentos ambientais, sociais e econômicos.
Comparativamente a outras essências florestais, não há nada de errado com as espécies de eucalipto cultivadas em nosso estado, quanto a seus efeitos nos processos hidrológicos quantitativos e qualitativos, bem como no que se refere às relações planta-solo. Algumas comparações já foram estudadas e obtidas conclusões como: A planta de eucalipto possui um eficiente mecanismo de economia de nutrientes, resultado da adaptação evolucionária em solos pobres; A floresta de eucalipto não aumenta nem diminui as chuvas locais; A floresta de eucalipto controla a erosão do solo e melhora a infiltração de água; A absorção de água é equivalente ao de várias espécies florestais e agrícolas. Portanto, não podem acusar o Eucalipto de ser uma bomba d’água.
Com relação à água subterrânea, deve-se ressaltar que as espécies de eucalipto cultivadas aqui, na maioria dos solos capixabas, possuem raízes pouco profundas, não chegando atingir o lençol freático; os balanços hídricos em bacias contendo, de um lado, plantio de eucalipto, e de outro, florestas naturais, apresentam resultados e comportamento similares.
A capacidade de seqüestrar carbono atmosférico, sem dúvida é um dos pontos mais importante que deve ser ressaltado da contribuição ambiental do plantio de eucalipto, principalmente em municípios altamente poluidores como o caso do município da Serra-ES. Os plantios de eucalipto podem servir como uma ação mitigatória da descarga de carbono que segmentos da indústria despejam no município.
Estudos também demonstram que 65% das terras capixabas tem potencial para a silvicultura, e o eucalipto é a atividade que tem recuperado áreas de pastagens degradadas que somam a 240 mil ha. As regiões com maior conservação de solo e água são aquelas aonde tem concentração de plantios de eucalipto. Além disso, as plantações florestais têm promovido mudanças em economias regionais e locais, o que tem provocado o aumento de oportunidades de trabalho e a dinamização da economia local, além de propiciar a melhoria da qualidade ambiental.
O resultado destas decisões intempestivas e inconseqüentes, legislando sobre o que não conhecem, tem causado um desserviço histórico, e em muitos casos irreversíveis, trazendo enorme prejuízo à sociedade capixaba, por afugentar empreendimentos importantes, eliminando renda e emprego para os capixabas. Na década de 1980, o Estado deixou de receber os investimentos de empresas reflorestadoras, como foco em celulose e madeira. Estas foram se abrigar do outro lado da fronteira no Extremo Sul da Bahia.
Tudo isto é resultado das políticas públicas municipais inconsequentes, que estabelecem legislações inconstitucionais, com base em crenças, e sem qualquer fundamentação técnica e jurídica. Assim, mais uma vez, os profissionais, as empresas e a população de modo geral arcarão com o prejuízo desse processo político nefasto.
Aefes – Associação de Engenheiros Florestais do Espírito Santo
Cedagro – Centro de Desenvolvimento do Agronegócio
Crea-ES – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
Faes – Federação da Agricultura do Espirito Santo
Seea – Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos