
Produtores dos cafés arábica e conilon e de pimenta-do-reino de Jaguaré e outros municípios do Estado do Espírito Santo participaram, na quinta (7), do segundo encontro do “Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro”.
O evento foi realizado pela CNA, com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Espírito Santo (Faes) e do Sindicato Rural de Jaguaré, com o objetivo de apresentar os custos de produção do café e da pimenta, além de discutir técnicas de manejo, estratégias de mercado, agregação de valor, entre outros temas.
Os circuitos do Campo Futuro representam uma oportunidade para os produtores debateram os impactos dos custos de produção na rentabilidade, manejo e produtividade de culturas, agregação de valor, boas práticas no campo, tendências e oportunidades de mercado.
Para o presidente da Faes, Júlio da Silva Rocha, os produtores não podem produzir sem ter um planejamento e sem considerar os custos de produção, fatores que ajudam a buscar mercados e precificar o produto. “É fundamental ajudar o produtor a se organizar, usar tecnologias, e ele tem mostrado competência para isso”.
Já o presidente do Sindicato Rural de Jaguaré, Gedson Salarolli, afirmou que o circuito é importante para a região e para o Estado, pois apresenta o real custo de uma saca de café e do quilo da pimenta. “A partir desses dados, o agricultor volta para sua propriedade sabendo como calcular o lucro da sua produção”.
Durante o evento, a coordenadora de Produção Agrícola da CNA, Ana Lígia Lenat, explicou que o objetivo do projeto Campo Futuro, além de levar informação técnica e produtiva de mercado, auxilia o produtor a tomar decisões, empregar tecnologias na produção e comercializar a safra.
Palestras
A assessora técnica da CNA Letícia Barony iniciou as palestras do dia com uma apresentação sobre “Quanto custa para produzir pimenta-do-reino?”. No Espírito Santo, foram realizados painéis em São Mateus e Jaguaré, onde foram verificadas margem bruta positiva e margem líquida negativa.
Letícia explicou que os resultados refletem a realidade da safra 2024/25, que teve quebra de cerca de 50% de produtividade em função do excesso de calor e incidência solar.
“Em um cenário de normalidade produtiva, com cerca de 3 quilos de pimenta seca por planta, o produtor consegue ter uma atividade rentável, lucrativa. Agora em um cenário de quebra produtiva como no último ano, existe margem líquida negativa, colocando o produtor em um cenário de descapitalização”.
Em seguida, o pesquisador e coordenador de Projetos do Centro de Inteligência em Gestão e Mercados da UFLA, Matheus Mangia, falou sobre a evolução dos custos do café e impactos na rentabilidade.
O pesquisador destacou que o custo permite definir preço-alvo, dar previsibilidade de caixa e proteger a margem e serve como radar de gargalos.
“Ao calcular os custos, sabemos onde a colheita pesa, então atacamos a questão da organização e das perdas. No conilon, ganhamos em eficiência hídrica e energia”, disse.
Boas práticas
A palestra “Boas Práticas no Campo: Superando Estresses e Garantindo Qualidade” foi conduzida pelo especialista em pimenta-do-reino, Erasmo Fernandes, e pelo pesquisador do Incaper, Abraão Carlos Verdin.
Erasmo Fernandes falou sobre boas práticas em relação ao solo, água, nutrição de alta performance, sanidade e fitossanidade. “Equilíbrio é o segredo para manter a lavoura produtiva e saudável por mais anos. Produtividade e qualidade não são sorte. São método, disciplina e decisão”.
Já Abraão Carlos Verdin abordou o manejo de café, trazendo exemplos em relação à adoção de variedades e de técnicas para incremento de produtividade. Segundo Verdin, o cultivo de café conilon predomina em Jaguaré e a espécie demanda maior diversidade de clones, materiais vegetais em uma mesma lavoura, com objetivo de obter de maior segurança de polinização e de produtividade.
Agregação de valor
Por fim, o gerente de Inteligência de Mercado da StoneX, Fernando Maximiliano, e o vice-presidente da Associação Brasileira de Especiarias (BSA), Frank Moro, falaram sobre “Agregação de Valor e Oportunidades para Café e Pimenta-do-Reino”. Fernando apresentou um contexto geral de preços do café nos últimos anos e como os fenômenos climáticos têm impactado a oferta do grão no Brasil e no mundo.
Em sua fala, o especialista mostrou o preço do café conilon chegou a ultrapassar o preço do café arábica em alguns momentos, em função de quebras produtivas de outros países, especialmente do Vietnã. “O cenário contribuiu para a forte valorização dos preços. As exportações brasileiras do café robusta saltaram de 4,7 milhões de sacas em 2023 para 9,4 milhões de sacas em 2024.”.
Frank Moro falou sobre fatores que depreciam a pimenta-do-reino no mercado internacional e os aspectos que agregam valor, como sustentabilidade, zero resíduos químicos, altas densidades (560gr acima), sem mofos e contaminação por alérgicos.
A produtora de pimenta-do-reino Terezinha Lucia Sossai disse que participar do circuito foi importante para mensurar os custos da cultura. “Foi interessante porque as vezes um custo que não damos importância se torna um custo efetivo para se calcular”.
Para Márcio Gomes, produtor de café arábica, o levantamento de custos é fundamental para identificar os talhões e a maneira correta de conduzir as lavouras e, principalmente, ajudar o produtor a ter melhor rentabilidade na produção.
Projeto
O Campo Futuro é um projeto do Sistema CNA/Senar realizado em parceria com universidades, centros de pesquisa, Federações estaduais para levantar os custos de produção de diferentes atividades agropecuárias em todas as regiões do país.
Circuitos
Os próximos eventos vão ocorrer no dia 14 de agosto em João Pessoa (PB), 28 de agosto em Sorriso (MT) e, por fim, no dia 19 de setembro em Chapecó (SC).
Assessoria de Comunicação CNA