
Embora sejam amplamente reconhecidas pela produção de mel, as abelhas desempenham um papel ainda mais importante: a polinização, processo essencial para a transferência de pólen entre as flores. Hoje, 20 de maio, em que é celebrado o Dia Mundial da Abelha, destaca-se a polinização assistida como investimento estratégico para a cafeicultura, impulsionando a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade. A atividade garante a formação de frutos e sementes saudáveis, contribuindo também com a biodiversidade.

A introdução de abelhas na cafeicultura traz benefícios concretos, é o que mostram estudos realizados pela Embrapa Meio Ambiente (SP) e Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil, destacando que a presença das abelhas melhorou a produtividade em 16,5% por hectare, além de ganhos na nota sensorial da bebida, informou o técnico em agropecuária, criador de abelha há mais de 30 anos e pioneiro na polinização de Conilon no Espírito Santo, Lomir José da Silva, também presidente da Associação de Apicultores de Aracruz (Apiara) e proprietário do Apis Lomel.
“Já no conilon, teste da startup Agrobee em lavouras capixabas apontam mais de 20% de aumento da produtividade. No Conilon, como as lavouras são geralmente mais adensadas e a vegetação mais fechada, as bordas ficam carregadas, mas o centro não fica, porque o maior polinizador do café é o vento. Então, as abelhas vêm para uniformizar o processo de polinização”, explica Lomir.

Esse aumento na produtividade foi constatado pelo produtor Welber Rosa Galavotti, proprietário do Rancho São José em Rio Quartel, que trabalha em parceria com a Lomel há 5 anos. As colmeias são instaladas na sua propriedade antes da primeira florada para se consolidarem no ambiente, ficando de três a quatro meses, nos períodos de pré até a pós-florada.
“Calculo em torno de 20% no aumento da produtividade, melhor pegamento de frutos e uniformidade. Já separamos o lote de café especial desta safra para comercialização do nosso produto. Um dos diferenciais de sustentabilidade do nosso café é a presença das abelhas com a polinização. Além disso, eu retiro parte do mel da própria lavoura de café para venda, outro produto especial. Acredito que no fim de junho elas voltam para cá”, frisou o produtor.
Espécies de abelhas
O presidente da Apiara informa que na colonização das lavouras de café são utilizadas duas espécies: a Apis melífera, abelha com ferrão, e a Scaptotrigona, sem ferrão. Esta última é recomendada, por questões de segurança, para pequenas propriedades, já que na maioria das vezes há casas próximas aos cafezais. Para cada hectare são colocadas entre 4 e 6 colmeias, contendo de 50 a 80 mil indivíduos cada. As colmeias são dispostas dentro da área de uma forma que feche todo o perímetro para a polinização e provoque a disputa por alimento.
Sustentabilidade
As abelhas também funcionam como bioindicadores e será uma exigência de mercado, avalia Lomir. “Hoje, a abelha tem um apelo, há uma valorização e se tornará uma prática obrigatória para quem deseja se destacar no setor de alimentos num futuro próximo. Já existem cafés especiais produzidos em áreas onde a polinização é o seu maior diferencial. Estudos apontam para essa exigência e precisamos nos adequar para atendermos às exigências voltadas às questões ambientais e de segurança alimentar”, ponderou o especialista em abelhas.
Redação Campo Vivo