A política internacional e a agenda de meio ambiente devem ganhar ainda mais peso na pauta comercial do agronegócio brasileiro
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Embarque de grãos: diplomacia agrícola envolve ações coordenadas de governos, setor privado e organismos internacionais — Foto: Getty Images
Renata Ferguson, grande produtora de soja e milho em Rio Verde (GO), acompanha de perto as novidades sobre as negociações do comércio exterior brasileiro. Para ela, os acordos internacionais definem o futuro de seu negócio, já que grande parte do que ela colhe segue para exportação. Em contraste, o jovem Natã Caetano, que cultiva hortaliças em São Miguel Arcanjo (SP) e abastece a Ceasa da capital paulista, afirma não dar muita atenção às discussões sobre o comércio global. “Eu não exporto, então isso não me afeta”, diz, para em seguida questionar: “Será que eu deveria?”
Essa diferença de abordagens expõe de maneira didática o crescente debate sobre a influência da diplomacia agrícola e das regras do comércio internacional sobre as atividades de produtores rurais brasileiros de diferentes escalas. Para especialistas ouvidos pela Globo Rural, essas discussões serão uma das grandes tendências de 2025, quando devem sair da porteira e se alastrar por outras esferas da sociedade.
Renata oferece treinamento a seus funcionários para que eles intensifiquem a adoção de práticas sustentáveis e, em outra frente, negocia com muitas empresas internacionais, das quais colhe ideias que mais tarde vão enriquecer a gestão da lavoura. A quase quilômetros dali, Natã não adota as mesmas práticas, mas precisa cumprir uma série de exigências para selecionar e armazenar o chuchu que colhe, além de manter o QR code de rastreabilidade para entregar a produção às centrais de abastecimento.
Embora as características do trabalho dos dois agricultores sejam muito distintas entre si, ambos seguem rígidas regras de comercialização e, assim, cumprem tarefas que integram o conceito de diplomacia agrícola.
Segundo Carol Pavese, professora de relações internacionais da Faculdade Belas Artes, o termo abrange tanto regras do comércio internacional e de abertura de mercados quanto diretrizes de segurança alimentar e manejo sustentável, independentemente do tamanho da área de cultivo.
“A diplomacia agrícola é uma estratégia de relações internacionais para promover o agronegócio de um país no cenário global, consolidando mercados, negociando barreiras comerciais e fortalecendo a presença de seus produtos em regiões estratégicas. Ela envolve ações coordenadas entre governos, setor privado e organizações internacionais para aumentar a competitividade e a sustentabilidade do setor”, detalha a professora.
Esforços de grandes e pequenos
Enquanto grandes exportadores personalizam sua produção para atender a novos mercados, pequenos agricultores tentam atender às demandas locais de sustentabilidade. Cadeias como as de café e algodão lideram a corrida pela internacionalização.
No primeiro semestre de 2024, o Brasil superou os Estados Unidos e tornou-se o maior exportadro de algodão do mundo. No caso do café, pequenos produtores têm se destacado com práticas sustentáveis.
Efeitos sobre o Brasil
Fim das negociações para o acordo UE-Mercosul lei antidesmatamento europeia, “efeito Trump” e guerras no Oriente Médio foram alguns dos acontecimentos que marcaram 2024 e que tiveram (e ainda terão) influência direta sobre o agro brasileiro. O debate sobre a correlação entre geopolítica e comércio agrícola está em alta, o que pode beneficiar o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
Portal Globo Rural