ARTIGO: Coffee Dinner & Summit destaca avanços em ESG dos cafés do Brasil

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por Marcos Matos e Silvia Pizzol*

Foto: Divulgação

Em 25 e 26 de maio de 2023, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) realizou o 9º Coffee Dinner & Summit, evento que reuniu mais de mil pessoas e líderes de todos os segmentos cafeeiros do Brasil e do mundo, durante dois dias, promovendo negócios e discussões sob o tema “Crescimento da produção: seus desafios e oportunidades em tempos de ESG”.

Em alinhamento às tendências do mercado consumidor, que cada vez mais tem valorizado a transparência sobre o cumprimento dos critérios ESG ao longo da cadeia de valor do café, o evento promoveu discussões, entre outros temas, sobre os impactos das novas regulações globais e das mudanças climáticas ao setor cafeeiro.

Também foram apresentadas diversas ações desenvolvidas pelo segmento exportador de café do Brasil relacionadas ao fortalecimento da governança socioambiental e que demonstram a resiliência e a adaptação da cafeicultura nacional aos desafios globais.

O painel “Associações Globais de Café” reuniu lideranças do setor cafeeiro internacional e Hannelore Beerlandt, consultora da Comissão Europeia em matéria de commodities, para discutir os desafios relacionados à ampliação da rastreabilidade frente às regulações emergentes na União Europeia e em discussão nos Estados Unidos, principais mercados de destino do café brasileiro.

Refletindo os trabalhos de longa data realizados pelo segmento exportador brasileiro para o fortalecimento da governança socioambiental, o Cecafé e seus associados lançaram a parceria com a Serasa Experian para a plataforma de rastreabilidade dos parâmetros ESG da cadeia café do Brasil.

A ferramenta permitirá uma gestão de riscos customizada a diferentes protocolos de sustentabilidade e apoio aos fornecedores, tanto para acesso a crédito, em condições diferenciadas, quanto à regularização socioambiental, quando necessária. Tal iniciativa busca reforçar o reconhecimento da origem Brasil como fornecedora confiável de cafés sustentáveis e de qualidade, pois, conforme destacado por Hannelore Beerlandt, os países mais preparados para atender aos novos regulamentos estarão em vantagem competitiva para acessar o mercado europeu.

Com um olhar centrado no pilar ambiental do ESG, o painel “Cafeicultura sustentável carbono negativo frente às metas corporativas globais: Brasil mais próximo do mercado de carbono” abordou os desafios da indústria global em sua jornada de neutralização das emissões de gases de efeito estufa (GEE), a resiliência dos cafés do Brasil e as ações desenvolvidas pelo segmento exportador visando à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Também foram discutidas as oportunidades a serem exploradas no âmbito das finanças verdes, incluindo pagamentos por serviços ambientais, a exemplo da CPR Verde, e o mercado global de carbono, que tem o potencial de atingir € 1 trilhão, em 2025.
Esses são importantes instrumentos econômicos para remunerar os esforços de longa data realizados pelos cafeicultores brasileiros para a conservação dos recursos naturais (água, florestas, biodiversidade e sequestro de carbono).

Na oportunidade, foi apresentada a parceria existente entre o Cecafé e a StoneX, que objetiva avaliar a pré-viabilidade de um programa agrupado de geração de créditos de carbono no setor cafeeiro do Brasil. Com a participação direta dos exportadores, este projeto busca viabilizar a monetização dos resultados da primeira etapa do Projeto Carbono, que o Cecafé desenvolveu em parceria com o Imaflora e o prof. Carlos Eduardo Cerri (Esalq/USP), na qual foi demonstrada uma adicionalidade, ao ano, de 10,5 t CO2 eq por hectare de café cultivado pela adoção de boas práticas agrícolas.

O Programa Agrupado Cecafé/StoneX avaliará as metodologias existentes, processos de registros de projetos e pretende contribuir para o desenvolvimento de uma Plataforma de Créditos de Carbono “Cafés do Brasil”.

O Coffee Dinner & Summit também prestigiou a importância social da cafeicultura brasileira, onde existe uma correlação muito positiva entre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) e a área cultivada com café nas regiões produtoras. Isto é, quanto maior a área destinada à cafeicultura nos municípios dos principais Estados produtores, maior a longevidade, a renda e a educação de suas populações.
Para gerar ainda mais desenvolvimento humano, conhecimento e avanços na competitividade setorial, o Cecafé lançou a Plataforma EAD do Programa Produtor Informado, em parceria com a Plataforma Global do Café (GCP) e a Microsoft.

Ofertando cursos gratuitos de sustentabilidade e informática, este projeto promoverá maior alinhamento entre as regiões produtoras e os anseios do mercado consumidor, visando atender à crescente demanda por produtos responsáveis socioambientalmente.

Além disso, com maior domínio de ferramentas digitais, produtores e trabalhadores obterão maior eficiência em seus processos, com impacto positivo na gestão das propriedades rurais.

O Coffee Dinner & Summit expressou a visão de uma cadeia produtiva integrada e eficiente, que une esforços, busca soluções e adota inovações para promover a melhoria contínua da governança socioambiental.
Nesse sentido, os cafés do Brasil são destaque em desenvolvimento humano, conservação dos recursos naturais e adoção de boas práticas agrícolas – que resultam em um balanço negativo de carbono dentro das fazendas – e em transparência quanto ao respeito aos critérios ESG.

*Marcos Matos – Diretor Geral do CECAFÉ

Silvia Pizzol – Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ

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