por Cátia Aparecida Simon*
Os solos são o suporte para a vida de toda a civilização humana.
Na agricultura, os solos são o substrato para o cultivo de culturas comerciais e seu manejo demostra o sucesso ou o fracasso na produtividade.
Com um tamanho microscópico e invisível aos olhos, diferentes microrganismos o habitam e desempenham funções de grande importância para nutrição e defesa das plantas.
Em um grama de solo existem cerca de 10 milhões a 1 bilhão de células microbianas vivas, podendo representar aproximadamente 10 mil espécies diferentes. Isso significa que em um solo cultivado – apesar de não enxergamos, existe vida e diversidade microbiana.
A diversidade microbiana indica o quanto diferente são as famílias, gêneros ou espécies de microrganismos que habitam determinado local. Sistemas agrícolas nos quais a diversidade microbiana é alta, promovem melhor desenvolvimento das plantas e ainda contribuem para tornar o solo mais sustentável ao longo do tempo.
A diversidade de vida nos solos pode ser modificada por fatores abióticos como o teor de pH, temperatura do ambiente, disponibilidade de água e outros e também, por fatores bióticos através da interferência do homem no manejo de solos e da planta. Práticas de manejo do solo como seu revolvimento, uso exagerado de fertilizantes minerais e defensivos agrícola são exemplos de como o homem pode reduzir a diversidade e funcionalidade da comunidade microbiana em áreas produtivas.
Microrganismos do solo são prestadores de serviços ambientais, seus serviços são essenciais para a manutenção dos sistemas agrícolas.
A adoção de manejos que aumentam o teor e a qualidade da matéria orgânica e promovem maior cobertura das áreas produtivas e o uso de diferentes fontes de carbono orgânico associado ao manejo da fertilidade do solo, são algumas das práticas de manejo que podem modular o sistema agrícola e proporcionar o aumento da diversidade microbiana e sustentabilidade das lavouras.
Quando a lavoura é manejada de maneira mais sustentável, os parâmetros físico, químicos e biológicos dos solos funcionam como uma engrenagem, todos em sintonia, possibilitando o aumento da eficiência nutricional, da melhoria o desenvolvimento das raízes e parte aérea das plantas, permite a realização de funções na ciclagem de nutrientes, promove maior resistência da planta à patógenos de solos e ainda pode aumentar a tolerância de plantas a estresses ambientais.
Sistemas agrícolas mais produtivos e saudáveis são aqueles que mantém o equilíbrio entre parâmetros físicos, químicos e biológicos dos solos. Não basta o agricultor olhar apenas para o alcance de alta produtividade investindo somente na fertilidade química dos solos e plantas, mas, também, deve-se procurar em melhorar a parte biológica dos solos, procurando produzir com sustentabilidade.
*Dra. Cátia Aparecida Simon, Doutora em Microbiologia Agrícola – ESALQ/USP
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