A economia brasileira patina já faz um tempo, com o Produto Interno Bruto (PIB) devendo crescer apenas 0,3% neste ano, segundo previsão da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Tudo indica que os números ficarão em torno disso, principalmente depois do resultado do PIB do terceiro trimestre divulgado na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou alta de apenas 0,1%.
Apesar desse cenário nebuloso, um setor da economia continua navegando de vento em popa, mesmo tendo registrado queda de 1,9% no terceiro trimestre deste ano: o agronegócio, que, em 2013, cresceu 3,9%, e que corresponde a 22,5% de toda a riqueza nacional.
O cálculo é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para este ano, a previsão de ambas as instituições é que o agronegócio praticamente iguale o índice do ano passado: 3,8%.
Na opinião do professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS) Raul Duarte Neto, esse resultado se explica pela grande produtividade alcançada pelo setor nos últimos anos. “Diferente da indústria, que tem seu desempenho diretamente afetado pela política econômica (taxa de juros, incentivos fiscais, etc), o agronegócio cresceu graças ao empreendedorismo dos produtores rurais, independentemente da ação do poder público”, afirma Neto.
Deficiência logística. O problema do setor, segundo ele, começa justamente da porteira para fora, ou seja, na deficiência logística e nos altos custos de estocagem, fazendo com que o produto agropecuário brasileiro perca competitividade lá fora. Caso os projetos de expansão da malha ferroviária nacional se concretizem no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a produtividade do setor deve aumentar, diz o professor.
A recente valorização do dólar foi uma boa notícia para o setor, que exporta aproximadamente 20% da sua produção.
"Para 2015, o cenário também é positivo, principalmente para a pecuária. Apesar de esperarmos uma produção de carne bovina ligeiramente menor em 2015 em relação a este ano (9,9 milhões de toneladas), a tendência é de preços melhores, tanto no mercado externo, quanto no interno", afirma Hyberville Neto, da Scot Consultoria, especializada em agronegócio.
Marco Antônio Corteleti