Retirada da vacina permitiria o aumento das exportações e a abertura de novos mercados para a carne brasileira
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) debateu, no sábado (8), a expectativa de retirada da vacina contra a febre aftosa no País. O tema fez parte do ciclo de discussões que aconteceu na 86ª Expozebu, promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba (MG).
A coordenadora de Produção Animal da CNA, Lilian Figueiredo, destacou que a retirada da vacina permitirá o aumento das exportações e a abertura de novos mercados para a carne brasileira.
“Temos visado mercados diferenciados. Hoje apenas Santa Catarina tem acesso a esses mercados que tem exigência sanitária mais restrita”.
Segundo Lilian, alguns países exigem que o Brasil seja sem vacinação para aceitar exportações do País, como Japão e Coreia do Sul, por exemplo. “O potencial produtivo do Brasil não se compara com outros países. Nós temos uma produção muito grande, vários tipos de cortes e raças. Então, temos condições de acessar esses mercados e o setor tem a expectativa de uma valorização da nossa carne pela retirada da vacinação”.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Guilherme Leal, reforçou que o órgão não fala em retirada, mas em substituição da vacina por um sistema de vigilância mais ativo. “Por isso precisamos da estrutura dos órgãos de defesa agropecuária estaduais funcionando bem”.
Sobre a estrutura dos órgãos de defesa agropecuária, Lilian Figueiredo afirmou que um dos maiores entraves para a evolução dos estados é a questão financeira e, que, por isso, a CNA trabalha em conjunto com o Ministério para o desenvolvimento de ações, inclusive em contato com o Congresso Nacional para direcionamento de recursos das emendas parlamentares para os estados.
Um dos pontos do debate foi a criação dos fundos estaduais para indenizar os produtores por eventuais focos da doença após a retirada da vacinação.
“Como setor privado, trabalhamos com os fundos para equipar a defesa sanitária estadual, para a compra de equipamentos com o intuito de auxiliar na vigilância da febre aftosa e na capacidade responsiva do órgão. Fazemos questão de acompanhar a evolução nos estados para a segurança do produtor rural”, ressaltou Lilian.
“Além do engajamento das federações de agricultura e dos sindicatos rurais, a questão dos fundos estaduais é primordial. É necessário ter esse fundo para dar tranquilidade aos pecuaristas e apoiar outras ações da defesa agropecuária nessa vigilância ativa para melhorar ainda mais”, afirmou José Guilherme Leal.
O secretário afirmou que o Mapa tem feito várias discussões sobre os fundos estaduais, oferecendo modelos com as melhores alternativas, mas também está estruturando um fundo nacional.
“Entendemos que tem que ser um fundo privado e não do governo. Estamos discutindo como fazer o aporte de recursos a esse fundo e com certeza terá que envolver também o setor de frigoríficos. Não podemos fazer um aporte de recursos vinculado ao GTA porque isso já é a forma de captação da maioria dos fundos estaduais”.
Sobre as ações em andamento, Lilian Figueiredo disse que a CNA está trabalhando para que o produtor rural fique informado sobre o status do seu estado e possa manter a vigilância após a retirada da vacinação. As ações de capacitação dos produtores é uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
“É um material para o produtor saber identificar sintomas clínicos e como e quando fazer uma notificação. Isso estará dentro de um módulo de sanidade nos cursos do Senar voltados à pecuária. Além disso, abrimos o concurso “Pecuária Saudável”, em parceria com o Mapa e o Conselho Federal de Medicina Veterinária, para escolher os melhores projetos e conseguir ter um modelo que possa ser adequado nos estados em relação à febre aftosa”.
Já Leal reforçou que o ministério tem mantido os órgãos estaduais informatizados e garantido os recursos para a continuidade dos trabalhos de vigilância. Em âmbito nacional, Leal disse que está sendo feita uma vigilância reforçada de fronteira.
“Isso sempre em parceria com os estados que fazem as divisas do País. Também estamos com uma capacidade laboratorial muito boa para fazer os diagnósticos rápidos de qualquer suspeita e vamos ter um banco de vacinas reserva que estamos estruturando junto com o setor privado para qualquer eventual reentrada do vírus no Brasil”.
No final do mês de maio, os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Rio Grande do Sul e Paraná vão receber o status internacional de zona livre com vacinação concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
CNA