O preço do leite pago ao produtor em dezembro (referente ao volume captado em novembro) foi de R$ 1,3535/litro na “Média Brasil” líquida, ligeira alta de 0,3% frente ao mês anterior e aumento de 6,3% em comparação a dezembro/18. O intenso recuo que sazonalmente se observa no final do ano não foi verificado em 2019, devido ao fato de a produção não ter crescido como esperado. De acordo com pesquisas do Cepea, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) subiu apenas 2,25% de outubro para novembro.
O ano de 2019 foi atípico para o setor de lácteos, marcado por sustentação dos preços no campo, em decorrência da oferta limitada e do aumento da competição entre os laticínios para assegurar mercado. E isso foi verificado num contexto de consumo retraído. Como resultado, os preços ao produtor não seguiram a tendência sazonal. Entre julho e agosto (pico de entressafra), houve queda nos valores, devido ao baixo consumo e às margens espremidas da indústria, ao passo que, no último trimestre (início da safra), o atraso das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste limitou a recuperação da produção e as cotações ficaram estáveis.
No balanço de 2019, os preços registraram alta acumulada de 6,3% ao longo do ano, em termos reais. A média anual do preço do leite, deflacionada pelo IPCA de novembro/19, foi de R$ 1,4219/l, valor 6,5% acima da média de 2018.
PRODUÇÃO EM 2019 – No primeiro semestre, as chuvas foram irregulares e, na primavera, o atraso das precipitações limitou a recuperação da produção. Além disso, a saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança – verificada em anos anteriores e neste também – em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo intensificaram a restrição da oferta. Diante desse cenário, é possível que a produção total de 2019 fique estável em relação ao ano anterior. Por outro lado, a captação formal deve se elevar. Os dados da Pesquisa Trimestral do Leite (PTL) apontam alta de 3,4% no volume formal captado entre primeiro e terceiro trimestres de 2019 frente ao mesmo período de 2018. É importante lembrar que, segundo levantamento do IBGE, a diferença entre produção e captação formal no Brasil em 2018 foi de quase 9,4 bilhões de litros.
PERSPECTIVAS – O aumento dos preços dos grãos neste final de ano pode diminuir o potencial de crescimento da atividade nos próximos meses. Ademais, as cotações atrativas no mercado de gado de corte têm incentivado o abate de vacas. A elevação nos preços de bezerro para reposição no mercado de corte também pode incentivar a criação desses animais em fazendas leiteiras, o que significa destinar parte da produção de leite para a alimentação desses animais. A expectativa de agentes consultados pelo Cepea é de que o volume de captação em dezembro permaneça estável em relação a novembro, o que pode sustentar as cotações de janeiro. Deve-se levar em conta que a produção do Sul do País tende a cair entre dezembro e fevereiro, o que pode ajudar a manter os preços firmes no início de 2020.
Cepea