China espera Bolsonaro para habilitar novos frigoríficos

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A China poderá habilitar 34 novos frigoríficos brasileiros para exportar carnes a seu mercado no fim de outubro, durante visita do presidente Jair Bolsonaro a Pequim, apurou o Valor. O país asiático já é o principal destino dos embarques brasileiros de carnes – junto com Hong Kong, absorve mais de 40% das vendas.

Hoje, 64 estabelecimentos brasileiros podem vender carnes ao mercado chinês, onde faturaram US$ 2,5 bilhões em 2018. Com a ampliação do número de unidades, o potencial de crescimento dos negócios chega a US$ 1 bilhão por ano, conforme fontes do segmento.

No ano passado, o Ministério da Agricultura pediu à China a habilitação de 78 novos frigoríficos. A China enviou ao Brasil uma missão sanitária que auditou 11 plantas, com resultados negativos. A demanda brasileira caiu para 34 unidades, consideradas as que têm mais chances de serem habilitadas por Pequim.

Em meados do ano, a ministra Teresa Cristina esteve na capital chinesa e voltou otimista. No mês passado, o secretário-executivo do ministério, Marcos Montes, chegou a anunciar que Pequim poderia habilitar novas plantas brasileiras em uma semana.

A declaração de Montes foi encarada pelos chineses como pressão e causou irritação. Daí Teresa Cristina ter sido “aconselhada” por Pequim a não fazer uma visita à China que estava prevista para agosto. A alegação foi que as autoridades chinesas não poderiam recebê-la por problema de agenda.

Agora, a expectativa “realista” é que nas próximas semanas seja concluído o processo de habilitação dos 34 frigoríficos de carne bovina, suína e de frango – um é de carne de jumento. Mas há riscos, já que os chineses costumam colocar uma exigência a mais depois de resolvida a anterior.

De qualquer forma, o contexto é favorável a países como o Brasil. Em primeiro lugar porque a China precisa de carne, por causa da epidemia de peste suína africana que está reduzindo seu plantel de porcos em um terço.

Em segundo lugar, porque Pequim barrou a carne suína do Canadá após identificar um carregamento com ractopamina, substância que estimula o crescimento de massa muscular, em vez de gordura. E também porque os Estados Unidos, grandes fornecedores de carnes para os chineses, enfrentam tarifas adicionais em razão da guerra comercial com Pequim e seus produtos estão mais caros.

Além disso, o governo chinês parece ter todo interesse político para que a visita de Bolsonaro a Pequim seja um sucesso, até para contrabalançar um pouco a relação extremamente próxima do presidente com Donald Trump.

Bolsonaro vai primeiro a Tóquio, para a cerimônia de proclamação do príncipe Naruhito como imperador, no dia 22 de outubro. O presidente chegará a Pequim no dia 24, se encontrará com o presidente Xi Jinping no dia 25 e partirá para a Arábia Saudita no dia 26, de acordo com os planos no momento.

A habilitação de mais frigoríficos brasileiros deverá ser o anúncio mais relevante na visita. Mas outros protocolos serão assinados. Um deles é na área sanitária, para facilitar a venda de melões brasileiros para a China e de peras chinesas para o Brasil.

Avisite

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