Seca preocupa produtores de café com safra de 2019, mas favorece colheita atual

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O tempo seco em áreas produtoras de café do Brasil tem preocupado os produtores. Se por um lado, a condição climática tende a beneficiar a finalização dos trabalhos de colheita da safra 2018/19, por outro, já tem danificado plantações e a expectativas de produção para a próxima temporada ficam cada vez menores.

“Estamos vendo um quadro bastante preocupante em termos de seca e temos a expectativa de formação de El Niño para o último trimestre do ano e não sabemos como as chuvas irão se comportar de setembro em diante”, afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município, Mário Guilherme Ribeiro do Valle.

De acordo com mapas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), não chove de forma generalizada sobre áreas produtoras de café em Minas Gerais, maior estado produtor, e no Espírito Santo há pelo menos 90 dias. Em contrapartida, lavouras que estão em áreas do Paraná e em Rondônia tiveram um pouco mais precipitações.

A Bolsa de Nova York (ICE Futures US), principal referencial para as negociações de café pelo mundo, repercutiu o clima no Brasil na sessão da última sexta-feira (27). O vencimento setembro/18 subiu 80 pontos no dia, fechando a US$ 1,1035 por libra-peso depois de recuar 145 pontos no pregão anterior.

Veja o mapa de precipitação acumulada nos últimos 90 dias em todo o Brasil:

O tempo mais seco até tem favorecido o avanço dos trabalhos de colheita no Brasil, que chegaram a 68% segundo estimativa da consultoria Safras & Mercado na última semana. No entanto, como o café é uma cultura perene, a falta de chuvas danifica as plantas e os reflexos virão na próxima safra, que já será de bienalidade negativa.

Cautelosos diante desse cenário, produtores de café tem comprometido apenas a produção já fixada antecipadamente. “Tem muito produtor finalizando a colheita das árvores e iniciando a varreção e o café está bebendo bem. O clima seco favoreceu a qualidade dos frutos”, explicou Valle em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Levando em conta a estimativa da Safras, que aponta uma produção de 60,5 milhões de sacas de 60 kg nesta temporada para o Brasil, foram colhidas 41,02 milhões de sacas até o momento. Agora, com o avanço mais expressivo dos trabalhos, a colheita está levemente atrasada em relação ao ano passado (73%) e a média dos últimos cinco anos (70%).

Por conta da alta carga de produção neste ano, com expectativa de produção recorde, e em meio escassez de chuvas – que é considerada dentro da normalidade nesta época do ano –, os cafezais podem chegar no ano de 2019 mais fracos. No entanto, segundo Lucas Bartelega, da Fundação Procafé, não há muito o que fazer neste momento.

“O que agrava é que entramos no período seco com baixo armazenamento de água no solo. Se vier setembro, outubro, e essa situação se mantiver, daí poderemos ter problemas… O produtor tem de ficar atento, embora não tenha muito o que fazer agora”, disse para a agência de notícias Reuters. Lavouras do Triângulo Mineiro e de partes do Sul de Minas Gerais são as mais afetadas.

O centro de previsão do Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, mostra a tendência de mais chuvas sobre áreas do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil nos próximos dias, mas ainda sem volumes expressivos. No período, de 3 a 11 de agosto, precipitações retornam mais expressivamente sobre quase toda a faixa central do país.

Essa previsão, no entanto, ainda é uma tendência e precisa de confirmação nos próximos dias.

Veja o mapa com a precipitação acumulada para o período de 30 de julho até 07 de agosto:

Notícias Agrícolas

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