Gestão integrada da paisagem para sustentabilidade é defendida no Senado

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audiencia-embrapa-senado“A gestão integrada da paisagem é a solução para potencializar a sustentabilidade do setor agrícola”, argumentou o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária Giampaolo Pellegrino em audiência pública realizada na última terça-feira, dia 29, no Senado Federal. O chefe representou a Embrapa na audiência organizada pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC), realizada com o objetivo de avaliar a implantação do novo Código Florestal e da implantação do Acordo de Paris.

Segundo Giampaolo Pellegrino, que é engenheiro florestal, o meio ambiente e o setor agrícola são altamente vulneráveis aos impactos da mudança do clima. “Não deve haver dicotomia. Precisamos somar esforços, com a integração dos setores. O resultado da soma é maior se as partes não trabalharem de forma desagregada”, afirmou.

O enfoque, de acordo com ele, é a gestão integrada da paisagem, olhando a sustentabilidade do setor agrícola. “Fazemos isso com a conservação de corredores ecológicos, preservação da biodiversidade, manutenção de polinizadores, proteção de mananciais hídricos, entre outras ações já previstas no Código Florestal, numa sinergia positiva entre a agropecuária e o meio ambiente”, explicou.

Ele exemplificou com o Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.  “O plano ABC promove não só a mitigação com a diminuição das emissões de carbono, mas desde o seu início ele traz a questão da resiliência, que é a capacidade de adaptação aos impactos do clima, a questão da valorização da renda e da eficiência da produção e do homem do campo em favor da sociedade e da garantia da segurança alimentar”, disse.

Pellegrino demonstrou também que a Embrapa tem investido fortemente na pesquisa com foco nas mudanças climáticas e na sustentabilidade ambiental, desde a contratação de pesquisadores especialistas no assunto, até a organização de sua carteira de projetos em um portfólio dedicado ao tema, atualmente com mais de 150 projetos relacionados. Dentre as pesquisas já finalizadas e em andamento estão modelagens e simulações de cenários futuros, mitigação na emissão de CO2 e adaptação dos sistemas de produção agrícola aos impactos das mudanças climáticas. “E tudo isso vinculado à gestão da água, à integração de sistemas, à fixação biológica, e várias técnicas de manejo, dentre outras pesquisas”.

Ele alertou sobre a necessidade de fazer esse conhecimento chegar ao produtor e ser adotado por ele. “Uma questão que percebemos é que o agricultor talvez não vai ser convencido apenas pelo discurso de que temos que diminuir a emissão de carbono, mas que essas ações também trazem eficiência ao sistema de produção, que também melhoram sua renda e também são oportunidade de diversificação”, ponderou.

Para Pellegrino é importante que haja a capilarização desse conhecimento. “É importante o financiamento dessas ações. Muitas vezes os cientistas propõem ótimas soluções, mas é importante que haja financiamento e o apoio de políticas públicas que permitam que o conhecimento chegue ao campo”, defendeu. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é um exemplo disso. “A vinculação desse sistema ao plano ABC fez com que sua adoção aumentasse consideravelmente. Hoje o ILPF tem financiamento de capital privado e passou de um modelo demonstrativo para uma tecnologia amplamente difundida, além de sair da esfera federal para programas e políticas regionais”.

Finalizando sua apresentação, o engenheiro propôs a implementação do Centro de Inteligência Climática na Agricultura (CICLAG), com o objetivo de melhorar a análise de risco climático na agricultura com a integração de informações, sistemas e infraestruturas. Ele encerrou afirmando que a agricultura brasileira tem contribuído para que o Brasil alcance as metas estabelecidas no Acordo de Paris (COP 21) e acredita que o País tem condições de cumprir as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Embrapa

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