O 10º Ano da Campanha da Melhoria da Qualidade e Início da Colheira do Café no Espírito Santo- 9º Noroeste Café Conilon, é o maior evento de cafeicultura do Estado e foi realizado nesse sábado (13), no município de Pinheiros.
O evento é realizado pela Secretaria de Estado Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) juntamente com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com a Prefeitura Municipal de Pinheiros.
A solenidade foi realizada na propriedade do senhor Adauto Orletti e reuniu mais de 700 pessoas, entre produtores rurais, pesquisadores, representantes de instituições públicas, da cadeia produtiva do café, além de autoridades.
Estaviveram presentes o governador do Estado Paulo Hartung, o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o vice-governador do Estado, César Colnago, o secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, o diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Marcelo Suzart, além das demais autoridades.
O governador Paulo Hartung ressaltou que, na data que celebra o início da colheita no Estado, o Poder Executivo Estadual reforça o comprometimento com o setor produtivo. Hartung destacou a importância socioeconômica da atividade cafeeira. “É a principal atividade em muitos municípios capixabas que gera oportunidades e desenvolvimento”, detalhou Paulo Hartung.
O governador Geraldo Alckmin destacou a importância que o setor agropecuário para a economia brasileira.
“É uma alegria estar aqui. Meu pai era veterinário e até os 16 anos eu nunca morei na cidade e sou de uma região que, no século 19 acreditava piamente que o Brasil é o país do café porque foi a base da economia do Estado de São Paulo. Tomei um café aqui e o Espírito Santo está de nota dez. Eu tenho orgulho de estar aqui porque vejo que a agricultura brasileira esta salvando as lavouras e fazendo a diferença. Isso impulsiona o Brasil e retoma a sua atividade econômica e social, em propriedades que distribuem renda e geram emprego”.
O vice-governador Cesar Colnago, falou sobre os tempos de crise e o que está sendo realizado para mudar esse quadro. “Nossas ações de combate à crise hídrica, feitas de forma integrada, vão desde a contração de barragens, até o compromisso ambiental de reflorestar 80 mil hectares para garantir a recuperação de nascentes e proteção do solo. Precisamos continuar trabalhando com os olhos no futuro, mas esquecer do compromisso de construi-lo a partir do presente, com união de esforços e trabalho sério.”
De acordo com o pesquisador do Incaper e Coordenador Estadual da Cafeicultura, Romário Gava Ferrão, a cafeicultura do conilon passou por intensas mudanças e na média, os produtores são empreendedores e estão atentos nas tecnologias para produção, da industrialização e consumo. “Os produtores buscam por um conilon com mais qualidade e, portanto, o foco deste grande evento é refletir a evolução que o café teve em seus dois momentos que foram primeiro em produtividade e nesse segundo, em qualidade”.
O secretário da Agricultura, Octaciano Neto, destacou que a parceria vai colaborar para o crescimento da agricultura dos dois estados. Ele destacou que o Incaper é uma referência nacional com relação a pesquisa agropecuária. O secretário ainda pediu ao governador Alckmin que São Paulo apoie o movimento capixaba contra a importação do café conilon. “Temos uma agenda nova de pesquisa, startups mas que precisa ainda passar por uma agenda velha: a não importação do café conilon. Reforçamos a necessidade de os capixabas continuarem juntos e pedimos o apoio de São Paulo porque se autorizada a importação será ruim para todos os estados”.
O Diretor Presidente do Incaper, Marcelo Suzart de Almeida, abriu o evento com um breve agradecimento aos parceiros e moderou o primeiro painel de debate, que norteou discussões como, o futuro da cafeicultura do conilon diante das mudanças climáticas e a escassez de água, além de tecnologias de produção como alternativa sustentável para a convivência com a seca.
Participaram dos debates o pesquisador do Incaper, João Batista Araújo e o produtor de café de Boa Esperança, Doriedison Thomazini, que trataram sobre o café conilon sombreado como alternativa sustentável como convivência com a seca; o engenheiro agrônomo da Netafim, Igor Nogueira Lapa, que tratou a respeito do manejo de irrigação em condições de escassez de água; e as perspectivas para o mercado do café conilon, diante da redução da produção, foi apresentada pelo Presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória, Jorge Nicchio.
Segundo Jorge Nicchio, o café no mundo era consumido apenas por países tradicionais, mas em 2014 um houve o crescimento em países produtores e emergentes, como a China, a Rússia, Brasil, Indonésia e Vietnã. Segundo ele, destes o Brasil é o maior caso de sucesso do mundo produtor de café, com uma produção que cresceu 50% nos últimos dez anos, sem expansão da área, a partir das novas tecnologias e técnicas que ampliam a sua produtividade, bem como pesquisas agronômicas avançadas aplicadas ao café e uma estrutura de produção cada vez mais organizada.
“O aumento do consumo mundial cria melhores perspectivas para o aumento da produção, com o conilon em destaque iniciando, cerca de 20% superior a 2016. Também há o restabelecimento gradual no blend do torrado e moído”, disse Nicchio.
Durante o evento foi assinada uma parceria entre o Governo do Espírito Santo e o de São Paulo para o compartilhamento de tecnologia e conhecimento para desenvolver variedade de café mais resistente à seca.
Em seguida, foi realizado oficialmente o lançamento do 10º Ano da Campanha da Melhoria da Qualidade do Café no Espírito Santo, com o pronunciamento das autoridades e, como já é tradição, foi feita a colheita simbólica que marcou o início da safra de conilon no estado.
Por fim, foi realizado um dos momentos mais importantes para os produtores; o “Dia de Campo” sob o tema “Tecnologias para produção e avaliação da qualidade do café Conilon”. O momento teve a participação de técnicos e pesquisadores do Incaper, para apresentação de tecnologias de produção e avaliação da qualidade do café Conilon.
“Passamos por um período complicado de seca durante os últimos quatro anos. Um evento com essa magnitude faz fortalece a confiança dos produtores rurais. Estamos continuamente firmando parcerias em prol de ações com o foco em café sombreado, sustentabilidade e gestão das fazendas”, salientou o diretor técnico do Incaper, Mauro Rossoni Junior.
Para isso, o dia de campo foi dividido em três estações de trabalho. A primeira abordou aspectos relacionados à colheita e descascamento. O pesquisador do Incaper João Perini fez um relato a respeito das tecnologias de campo, apresentando os cuidados que o produtor deve ter na lavoura para produzir café de qualidade. O técnico da Pinhalense Rodrigo Dal Guerra apresentou um equipamento que descasca café a seco. Em seguida, o produtor Stênio Orletti, filho mais novo do anfitrião, falou sobre os investimentos em estrutura para produzir café de qualidade.
“Atualmente temos cinco unidades com cerca de 35 secadores. Quando chega a época da colheita, podemos perder muito se não secarmos da maneira correta e a partir disso, encontramos a oportunidade de investir não só em qualidade, mas em produtividade também. Nesse sentido, reestruturamos a nossa propriedade com o objetivo de agregar valor ao nosso produto. Estamos trabalhando há algum tempo para que outras propriedades adotem tais mudanças, que deram certo com o arábica e que pode trazer grandes resultados para o Robusta”, explicou o proprietário Adauto Orletti.
A segunda estação de trabalho apresentou a tecnologia de secagem de fogo indireto. O professor do Ifes Aldemar Polonini fez uma explanação a respeito das várias técnicas de secagem de café, e mencionou que cada uma exige um manejo diferente. Adriano Rabello, técnico da Pinhalense, falou a respeito das vantagens do secador de fogo indireto. E o cafeicultor de São Gabriel da Palha, Isaac Bento Venturim deu um depoimento sobre as vantagens de produzir café utilizando esta tecnologia.
Por fim, a terceira estação de trabalho foi sobre a qualidade do café Conilon na xícara. O pesquisador do Incaper/Embrapa Café falou das qualidades bioquímicas e sensoriais do café, como aroma, sabor, acidez, doçura e, em seguida, os participantes puderam observar estas características na prática, orientados pelo degustador e classificador a nível internacional, Arthur Fiorotti. E o cafeicultor Jonas Francisco Orletti, outro filho do anfitrião, contou sobre a viagem que fez aos Estados Unidos, na qual despertou para a importância de produzir café de qualidade visando também o mercado externo.
“Em 2015 a produtividade foi muito baixa, em torno de 50 mil sacas e vendo isso, resolvemos investir com qualidade. Só no ano passado conseguimos vender em torno de 68 mil sacas, em um acréscimo de 18 mil sacas. O preço também subiu em cerca de 30 a 40 reais por saca”, contou Jonas Francisco Orletti, um dos filhos do senhor Adauto.
Para Isacc Bento Venturim, produtor em São Gabriel da Palha, são inúmeras as vantagens que as técnicas trazem para a produção. “A secagem, por exemplo, propicia retirar o grão de forma mais lenta sem perder as suas nuances, por exemplo. São técnicas que agregam valor a nossa produção. Com isso exigimos até 30% a mais no valor de nosso produto”, contou.
Segundo o pesquisador do Incaper, Ayimbiré Francisco de Almeida, o mundo produz 150 milhões de saca por ano e destas, 50 são produzidas no Brasil. “O nosso produtor tem, dentro de suas possibilidades, melhorado a qualidade do seu café. Mas é preciso investir no mercado que valoriza mais esse produto”, reforçou.
Durante o evento Romário Ferrão promoveu a entrega da 2ª edição revisada e atualizada do livro “Café Conilon”, a Paulo Hartung.
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Seag