Técnica da ensilagem tem garantido alimentação e boa produtividade de leite em Ecoporanga

0

ensilagem ecoporangaO período de escassez de alimentos para o gado, especialmente em épocas de seca, prejudica a vida dos agricultores familiares das pequenas e médias propriedades, acarretando prejuízos pela diminuição da produção de leite. Mas, a técnica simples, segura e de baixo custo, denominada “Silo Cincho”, tem trazido transformações positivas para as famílias rurais de Ecoporanga, no Norte do Estado.

Pela falta de alimentos nos períodos mais críticos, o produtor se depara com a perda de peso dos animais, a diminuição da fertilidade, o enfraquecimento geral do rebanho e até mesmo a morte. Diante deste cenário, a pouco menos de dois anos, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), por meio do escritório local (EDLR) de Ecoporanga, têm acompanhado produtores de leite de pequenas e médias propriedades a técnica da ensilagem, ou Silo Cincho.

A tecnologia, que é de origem italiana, carrega um tipo de silo que são construções para o armazenamento e conservação de forragens com baixo custo de produção, além de requerer menos máquinas e mão-de-obra e conserva forragens volumosas preparando a alimentação dos animais do campo nos períodos de seca. Sendo assim, é indicada para criadores com poucos animais, que desejam, ou têm a necessidade de armazenar a produção em massa de suas capineiras, ou pequenas lavouras de milho, sorgo, milheto, rama de mandioca, camerom e cana-de-açúcar.

O Cilo Sincho conserva os alimentos reduzindo o pH por meio da produção de ácido láctico pelas bactérias anaeróbicas. É utilizado inoculante, que são borrifados durante o processo, para aumentar a flora bacteriana e que têm por objetivo conservar o silo e o seu valor nutritivo original da forragem, além de evitar que bactérias, fungos e mofos se desenvolvam. O material é cortado 12 horas antes para elevar a matéria seca de 30 a 35%, picado em ensiladeira com espessura de 1 a 2 cm e depois que a forma vai sendo cheia com o material volumoso e compactada com os pés do próprio produtor a forma sobe naturalmente sozinha.

O zootecnista e extensionista do Incaper em Ecoporanga, Lázaro Samir Abrantes Raslan, que acompanha a prática de aproveitamento das capineiras nas propriedades, lembrou da seca que assolou o Estado e prejudicou os produtores capixabas. “Eles viram rapidamente a produção de leite cair e até mesmo a morte de animais, pela falta de pastagem natural, ou em forma de silagem, além do aumento dos custos”. Segundo ele, em casos assim, o agricultor familiar não tem recursos para gastar com os maquinários e, nem viabilidade econômica para ensilar as pequenas quantidades de volumoso. “Por isso, essa ferramenta permite que eles alimentem os seus animais na seca, diminuam custos e a sazonalidade da produção, viabilizando a produção de leite. Essa metodologia é muito utilizada no norte de Minas Gerais, sertão da Paraíba e da Bahia pelos produtores rurais de base familiar”.

No Córrego Oswaldo Cruz, em Ecoporanga, o produtor de leite Elis Pegoretti conta com a ajuda do seu filho Paulo Roberto para os cuidados e alimentação de16 vacas, sendo 12 em lactação e quatro secas. A família adotou a silagem por orientação do Incaper. Pai e filho preparam o silo com Cameron, cana-de-açúcar e futuramente mandioca. Já são mais de 15 toneladas de comida, desde janeiro deste ano, que são ensiladas geralmente a cada 70 dias, dependendo do ponto de colheita do Cameron (1,70m). Já são mais de 35 toneladas de silagem armazenada.

“Antes de usarmos o armazenamento de volumoso na nossa propriedade, a média das vacas era cerca de 3 a 5 litros e, aproximadamente, 50 litros de leite por dia. Hoje em dia são em média 8 a 10 litros por animal, com os animais consumindo somente volumoso e a maioria já para secar. A nossa renda aumentou cerca de 40% por mês”, contou senhor Elis. Por lá, a produção mínima de leite chega a cerca de 80 a 90 litros por dia, nos períodos de produção mínima e, quando chega a sua máxima, são cerca de 140 a 160 litros recolhidos.

“Até o tempo de cio dos animais mudou. Depois que adotamos a silagem nós vimos os animais dos vizinhos entrarem no cio só de oito a nove meses, no máximo. Já os nossos, por conta da alimentação reforçada, precisam apenas de 45 dias a 60 dias”, explicou Paulo Pegoretti.

Os tipos de silo

Existem vários tipos de silo, mas os mais frequentes são os horizontais, do tipo trincheira ou da superfície. Há também os cilíndricos verticais do tipo cisterna ou cincho e cilindros horizontais como o “silo bag”. Ele tem uma superfície com menor capacidade de armazenamento com média inferior a 10 toneladas de silagem e deve ficar a aproximadamente 40cm abaixo do solo e ter uma altura cerca de 1,70m.

A forma que é utilizada pelo escritório local do Incaper em Ecoporanga, é composta por duas chapas metálicas que somadas formam um círculo de aproximadamente 2,5 metros de diâmetro e 0,5 metros de altura para facilitar o seu transporte e demonstração de uso em palestras e dias de campo. O tamanho depende da especificidade de cada produtor, sendo mais recomendado até 5,0 metros quando se usa a lona de 12 metros de largura.

A lona deve ser jogada após a retirada da forma e vai ficar sem oxigênio uma vez que as bactérias do inoculante aumentam o ácido lácteo e estabiliza a silagem por mais tempo para a utilização nas épocas da colheita do café e nos períodos de seca. Segundo Lázaro, sua metodologia é fazer um semi-confinamento e o material é usado diariamente durante a 1ª e a 2ª ordenha dos animais. Além das inúmeras vantagens da técnica, o excedente do campim pode ser usado para a comercialização o que é mais uma fonte de renda para os produtores.

Compartilhar:

Deixar um Comentário