Custos de produção no Espírito Santo aumentaram 24,2% nos últimos dois anos

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 O Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) atualizou o estudo dos coeficientes técnicos e custos de produção de várias atividades agrícolas em diferentes níveis tecnológicos e situações do Espírito Santo. As 70 planilhas eletrônicas podem ser adaptadas às diversas condições de cada empreendimento e possibilita fazer uma análise comparativa dos custos e receitas entre vários produtos agrícolas e, consequentemente, a rentabilidade e a viabilidade econômica das diversas culturas elencadas neste trabalho. Essa atualização é feita a cada dois anos.

Os custos de produção de várias atividades agrícolas tiveram um aumento médio de 24,2%, entre Janeiro de 2015 a Janeiro de 2017, bem acima da inflação do período que foi de 16,96%.

Dentre os itens que compõem os custos de produção, os serviços obtiveram um aumento superior aos insumos. O aumento dos serviços foi significativo, com 34,21% de crescimento em relação ao período anterior, acima inclusive do reajuste do salário mínimo. Já os insumos, o incremento no valor foi discreto, inferior à inflação do período, perfazendo 14,58%.

O custo dos serviços são os que mais comprometeram os custos de produção, representando em média 72% do total, contra 28% dos insumos. Em algumas culturas como o eucalipto, em áreas não motomecanizáveis, os serviços representaram 88% dos custos totais de produção. Só as operações de colheita e transporte do eucalipto representaram em média 60% dos custos dos serviços. Na cultura do café conilon os custos dos serviços envolvendo colheita e pós-colheita também são significativos, representando em média 56% de todos os serviços.

Custos versus mercado

Avaliando as principais culturas, o estudo mostra que os custos de produção no café arábica tipo 7 variaram de R$ 673,00/saca em baixas produtividades (10 sacas/ha), a R$ 331,00/saca em altas produtividades (60 sacas/ha). O ponto de equilíbrio da atividade, onde não ocorre nem lucro e nem prejuízo, está na produtividade de 40 sacas/ha, que a maioria dos produtores não consegue alcançar. Isso significa que se forem considerados todos os custos dos insumos e serviços, a maioria dos produtores de arábica estão tendo prejuízos.

No café conilon irrigado os custos médios variaram de R$ 318,00/saca na produtividade de 45 sacas/ha (média estadual) e R$ 224,00/saca na produtividade de 120 sacas/ha. Essa atividade, em função da valorização do produto no mercado, apresentou rentabilidade positiva em todos os níveis de produtividade estudados (25 sc/ha até 120 sc/ha).

Essa tendência de valorização de preços ocorreu em vários produtos na fruticultura como mamão hawai e formosa, goiaba, maracujá, limão thaiti, tangerina, entre outros, o que possibilitou boa rentabilidade para aqueles produtores que conseguiram obter altas produtividades.

A pimenta do reino, novamente, foi a cultura de maior destaque dentre as avaliadas possibilitando elevados ganhos para aqueles produtores que tiveram boa produtividade, uma vez que o menor preço dos últimos dois anos foi, pelo menos, 3 (três) vezes superior a seu custo de produção.

Apesar da estimativa de bons resultados de diversas culturas agrícolas, houve pouca apropriação de renda por parte dos produtores rurais. Devido à crise hídrica dos últimos anos e, por consequência, a baixa produção e produtividade houve uma descapitalização em muitos empreendimentos rurais.

A silvicultura de eucalipto apresentou custo médio de R$ 64,03/m³ e lucratividade de R$ 12.311,00/ha em uma produtividade de 280 m³/ha no ciclo de sete anos considerando o programa produtor florestal da Fibria.

Em relação à pecuária leiteira, na produção de 10 litros de leite por animal por dia, o preço pago pelo produto foi ligeiramente superior ao custo de produção, possibilitando baixos ganhos na atividade (R$ 376,77 por hectare/ano). Na produção de 5 litros de leite por animal por dia, que é a média estadual, considerando os custos totais (fixos mais variáveis), a atividade apresentou rentabilidade negativa.

Os requisitos necessários à tomada de decisão de se investir carecem de avaliação por parte do empreendedor rural. Apesar de algumas culturas agrícolas estarem vivenciando bons momentos econômicos, é importante ponderar sobre os custos de implantação, a flutuação na demanda e valores de mercado, a exigência de mão-de-obra e especialmente os riscos climáticos inerentes à produção, dentre outros fatores importantes do sistema de produção.

Não foram considerados no calculo de custos o valor da terra, a remuneração do capital aplicado, taxa de elaboração de projetos e assistência técnica, licenças ambientais e nem as taxas administrativas da propriedade rural.

Todas as 70 planilhas com 40 atividades rurais encontram-se no site www.cedagro.org.br

Custo médio de produção (jan/2017) de algumas culturas:

Mamão Havaí (70 t/ha) R$ 0,81/kg
Mamão Formosa (130 t/ha) R$ 0,53/kg
Goiaba (35 t/ha) R$ 0,32/kg
Abacaxi (41 mil frutos/ha) R$ 1,10/fruto
Maracujá (45 t/ha) R$ 1,28/kg
Manga Ubá (12 t/ha) R$ 0,38/kg
Café Arábica (40 sc/ha) R$ 413,83/saca
Café Arábica (60 sc/ha) R$ 331,02/saca
Café Conilon (45 sc/ha) R$ 318,78/saca
Café Conilon (120 sc/ha) R$ 224,29/saca
Pimenta do Reino (5.600 kg/ha) R$ 4,01/kg
Eucalipto (280m³/ha) R$ 64,01/m³
Coco (24,5 mil frutos/ha) R$ 0,43/fruto
Palmito Pupunha (4.500 haste/ha) R$ 1,18/haste
Tomate (60 t/ha) R$ 1,26/kg
Cacau (80 @/ha) R$ 110,23/@
Limão Tahiti (17 t/ha) R$ 0,49/kg
Tangerina (17 t/ha) R$ 0,50/kg
Pecuária de Leite (10 l/vaca/dia) R$ 0,95/l

 

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