Dia desses acordei como de costume por volta das seis e meia da manhã. Agradeci por mais um dia e fui lavar o rosto. A água da torneira, abundante, me lembrou as nascentes dos rios, os córregos, a água da chuva. Na cidade, nem sempre atentam para a importância disso. Coloquei uma calça, uma camisa de algodão, meias e sapato feito de couro.
A refeição matinal já estava na mesa. Enquanto tomava meu café, pensei em quantos agricultores trabalharam dia e noite para colher uma safra do grão que pudesse abastecer as manhãs dos brasileiros. “Imagina o Brasil acordando de manhã sem café. Seria uma revolução”, diria o historiador Antonio Bezerra Neto em uma de nossas conversas. Olhei o relógio para não perder o horário, mas ainda dava tempo para comer um pão. Parei de novo para refletir. Nem sete horas eram ainda e eu estava usando manteiga e queijo preparados com leite que muitos trabalhadores acordam de madrugada para ordenhar a vaca. E o trigo para fabricar o pão? É, o dia só estava começando.
Já no escritório, cheguei e já notei a quantidade de papel na mesa. Necessário para o meu trabalho. As plantações de eucalipto para fabricar celulose ajudam nesse sentido. Liguei o rádio para ouvir as notícias da manhã e escuto o locutor falar a previsão do tempo. “Tempo ruim nesta quinta-feira. Previsão de chuva.” Tempo ruim? Para quem tá na cidade pode ser, mas pergunta lá no campo se a chuva não é boa. Distorções do pessoal da cidade, né!?
Hora do almoço. Volto pra casa. Arroz, feijão, carne e salada. Prato básico de grande parte dos brasileiros. Alface, tomate, beterraba, cenoura e batata eram os ingredientes da salada do dia. Azeite para temperar. Na roça, cultivar hortaliças e verduras não é nada fácil. É preciso muito cuidado, culturas sensíveis. Tomei um suco de maracujá antes de ir para a sobremesa. Chocolate. Os produtores de cacau vivendo uma crise danada e a gente comendo chocolate sem muita preocupação. Meus pais preferiram comer um abacaxi após o almoço.
Terminada a refeição, liguei a TV para assistir ao noticiário. Várias reportagens. Política, saúde, polícia, moda, esportes, gastronomia. Interessantes. Mas e a agricultura!? E os temas de interesse do agricultor!? Vejo pouco nos veículos de informação. De volta ao trabalho, fui abastecer o carro com etanol, combustível feito a partir da cana e menos poluente que a gasolina.
Tarde puxada com muito serviço. Antes de seguir pra Rádio Globo Linhares, apresentar o programa Campo Vivo, parei na padaria para um lanche rápido. Pedi um misto quente e uma vitamina de morango. A moça gentil preparava o pedido e notei, mais uma vez, quanto o rural está presente em nosso cotidiano. A pitada de óleo de soja na chapa para esquentar os ingredientes. O pão, a manteiga de novo, o queijo e o presunto. O leite e o morango na vitamina adoçada com açúcar. Quanta dependência do trabalho no campo!
Já na rádio, converso com os colegas antes de o programa começar. O papo das mulheres era os cuidados com a beleza. Shampoo de camomila, hidratante de ameixa, sabonete de erva-doce. Ri sozinho e caminhei para o estúdio da emissora. Falar com o homem do campo através do microfone de uma rádio é sensacional. Fico pensando a vida na roça, o rádio como companheiro da família rural, a natureza mais próxima. O jornalismo rural me fascina. Bem, fim de expediente. Retorno pra casa. Trânsito um pouco mais intenso. Muito automóvel. Produzida através do látex das plantações de seringueira, a borracha dos pneus facilita a vida dos trabalhadores na cidade. Aliás, como cresceu a cidade. O campo esvaziou.
Hora do jornal noturno. O milho estoura na panela para uma pipoca. No intervalo, Lima Duarte e Giovanna Antonelli, atores globais, dão a mensagem na tevê. Sou Agrocidadão. A campanha nos principais veículos de comunicação do país é para destacar a importância do agronegócio e sua conexão com o dia a dia da sociedade. Bela iniciativa. A cidade precisa valorizar e até mesmo respeitar o homem do campo. Sem demagogia, mas o sustento do país está diretamente ligado ao setor rural. Indiscutível.
Hora de descansar. Agradeço a Deus por mais um dia. O travesseiro e o lençol de algodão me dão o conforto para mais uma noite. Amanhã, o sol vai nascer de novo. No campo e na cidade. Vou repetir minha rotina de agrocidadão. E você!?
Franco Fiorot
Jornalista
Editor da Campo Vivo Comunicações
28 de julho – Dia do Agricultor
Uma homenagem do Portal Campo Vivo a todos os agricultores
Comente esta notícia. Clique aqui e mande sua opinião.
(É necessário colocar nome completo, e-mail, cidade e o título da notícia comentada. Todos os comentários enviados serão avaliados previamente. O Portal Campo Vivo não publicará comentários que não sejam referentes ao assunto da notícia, como de teor ofensivo, obsceno, racista, propagandas, que violem direito de terceiros, etc.)
Siga o Campo Vivo no Twitter @CampoVivo
O Campo Vivo também está no Facebook