Animadas com a maior estabilidade da economia e o consumo em alta, as empresas ampliaram seus investimentos em 2007 e o resultado foi a forte expansão da produção de bens de capital: 19,5%. Trata-se da maior marca desde 2004 (19,7%), segundo o IBGE.
Tal desempenho ilustra o incremento dos investimentos na expansão da capacidade produtiva das empresas, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
Em dezembro, a produção da categoria de bens de capital cresceu no mesmo ritmo -19,9% ante igual mês de 2006. Em relação a novembro, houve retração de 0,2% na taxa com ajuste sazonal.
Segundo o IBGE, a recuperação da agricultura, que teve safra recorde no ano passado, impulsionou a produção de máquinas e equipamentos para o setor -alta de 48,3% em 2007. Os bens de capital consumidos pela própria indústria subiram 17%. Foram os dois tipos que mais contribuíram para o avanço da categoria.
“Observamos no ano passado que a capacidade instalada da indústria cresceu. A expansão dos investimentos em máquinas e equipamentos veio acompanhada do aumento dos postos de trabalho”, disse Paulo Mol, economista da CNI.
Para Joel Bogdanski, economista do Itaú, o desempenho de bens de capital retrata a confiança dos empresários quanto ao futuro da economia.
É ainda, diz Bogdanski, um indicador importante para o BC decidir se aumentará ou não os juros neste ano – se a economia amplia sua capacidade de produção, é um sinal de que não haverá estrangulamento de oferta que possa resultar em alta de preços.
Não foram apenas os bens de capital que tiveram bom desempenho. Impulsionada especialmente pela produção de automóveis (alta de 12,3% no ano), a fabricação de bens duráveis cresceu 9,2% em 2007.
Já a de eletrodomésticos não teve o mesmo desempenho: alta de 5,3%. O ramo foi prejudicado pelo subsetor de linha marrom (TV, som e imagem), cuja produção caiu 11,8% sob o impacto da concorrência de similares importados.
Os bens duráveis cresceram na esteira do crédito maior e com prazos mais dilatados, segundo Bogdanski.
A produção de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (+3,4% no ano) e de bens intermediários (+4,9%) subiu abaixo da média da indústria (6%) em razão da concorrência de importados e da perda de fôlego de exportações.
Folha de São Paulo