Paper pot: nova tecnologia com papel biodegradável é sustentável e traz economia ao produtor

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As embalagens das mudas no paper pot levam em média de 4 a 6 meses para se decompor no solo

Adriano Alves da Luz | Foto: Viveiro Nova Floresta

Uma nova tecnologia, sustentável e com menor custo para o produtor tem ganhado espaço e atraído olhares de produtores e viveiristas: a produção de mudas com uso do paper pot, um recipiente feito com papel biodegradável e que não faz o uso de terra. No viveiro Nova Floresta, que fica em Aracruz-ES, o negócio, criado inicialmente para a produção de mudas nativas para reflorestamento, chamou a atenção dos produtores da região, e, devido à grande procura, passou a produzir mudas de mamão. Em breve, estará disponível no mercado mudas de café, com o projeto de ampliação do viveiro.

O paper pot é preenchido com um substrato, composto por casca de arroz carbonizada, turfa, vermiculita e adubo que vai diluindo lentamente para nutrição da planta. Adriano Alves da Luz, responsável pelo Viveiro Nova Floresta, um dos poucos empreendimentos do Estado que conta com o maquinário vindo da Dinamarca, assim como parte da matéria-prima que é utilizada no processo de fabricação do paper, explicou que montou a empresa para fornecer mudas de plantas nativas aos clientes em que ele já fornecia sementes.

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“Os produtores comentaram da dificuldade em adquirir mudas aqui na região e me pediram para fazer o teste e deu certo. Agora estamos negociando equipamentos para fornecer mudas de café ou o paper para os viveiristas produzirem as mudas. Atendemos hoje produtores de municípios do Norte do Estado, Montanha, Colatina e Aracruz. Vamos adquirir também uma nova estufa para termos um cuidado ainda maior com as mudas de mamão, já que é uma cultura mais sensível, para evitar a entrada de fungos, doenças e bactérias que podem contaminar a muda”, comentou Adriano.

Adriano aponta que são diversos os benefícios da aquisição de mudas pelo paper pot, seja para o bolso do produtor ou para o meio ambiente. Com o plantio nesse modelo, não há necessidade de retirada da embalagem que se decompõe entre 4 e 6 meses, além de isentar o estresse na raiz, permitindo que ela siga o seu caminho natural de crescimento. Sem contar com a logística reversa que custa zero reais, porque não há necessidade de devolução das embalagens, já que sempre é o produtor que arca com os custos do frete de ida e volta na retirada do viveiro.

Ao contrário, com o uso de sacola, corre-se o risco de enovelar (embolar) a raiz, não permitindo que ela siga o fluxo natural que é necessário. Lembrando que para o plantio é preciso rasgar a sacola e, como grande parte de sua composição é o barro, o torrão pode rachar e romper as raízes. A planta não vai morrer nesse rompimento, mas levará tempo para até formar novamente as raízes e absorver nutrientes, ocorrendo o atraso no desenvolvimento da planta.

No caso do tubete plástico, Adriano explica que ele até faz o caminho natural das raízes, mas para soltar a muda, o empregador precisa bater na embalagem geralmente com um pedaço de pau, o que acaba danificando  e havendo a necessidade de cicatrização das raízes, o que não acontece com o uso do paper pot.

O responsável pelo viveiro informou, também, que hoje, com o uso de paper pot, os produtores estão com uma rentabilidade de 20% a 30% a mais na área, reduzindo os custos com o plantio. “Sem contar que por hora a mortalidade no campo tem sido 0% para as mudas de mamão que já saíram do viveiro e de 2% para nativas. O produtor sempre encomenda uma margem de 10% a 20% a mais do número total de mudas, quando por sacola ou tubete, hoje, esse número caiu para 5% devido ao corte de insetos, o que pode ocorrer no caso do mamão”, explicou.

Além dos produtores, a empresa atende hoje viveiristas do Norte do Estado e de Governador Valadares-MG. Dentre as vantagens estão a isenção do enchimento de tubete ou sacola, reduzindo a mão de obra e o tempo de plantio, porque com o paper os trabalhadores só precisam colocar a semente ou a muda. Adriano ressalta que outro benefício é que o paper pot já vai com a quantidade de adubo que a planta precisa para se desenvolver nos primeiros cinco meses.

Tempo de viveiro

O tempo de viveiro para a saída da muda também chama a atenção. No Verão, a muda no paper pot precisa de 18 dias para se formar e 25 dias no período do Inverno. Já as mudas no tubete ou sacola, na temporada de calor leva em média 35 dias e no Inverno, em torno de 40.

Cuidado com o meio ambiente

Hoje a maioria das propriedades que usam sacola ou tubete é comum encontrar esses materiais ao longo das plantações, ao contrário do paper pot que é feito com papel biodegradável e leva entre 4 e 6 meses para se decompor. Vários são os riscos que as sacolas podem trazer à natureza como serem levados pelo vento às nascentes e mananciais, haja visto que o plástico demora anos para se decompor, ou, ainda, ser ingerido por pássaros ou animais silvestres que trafegam principalmente à noite ingerindo a sacola.

Redação Campo Vivo

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