Queda na oferta de laranja gera preocupações

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Oferta mundial de suco de laranja está caindo nos dois maiores polos produtores: Brasil e Estados Unidos

A oferta mundial de suco de laranja está caindo nos dois maiores polos produtores: Brasil e Estados Unidos. Ainda que o consumo da commodity também esteja recuando nos principais países consumidores globais (Estados Unidos e União Europeia), a queda da disponibilidade está sendo mais intensa do que a da demanda, o que traz preocupações quanto ao abastecimento do produto. Desde o pico de produção nos dois principais cinturões citrícolas mundiais (São Paulo e Flórida), em 1995/96, as duas regiões passaram a apresentar retração na colheita. Em São Paulo e no Triângulo Mineiro, a baixa foi mais amena e até mesmo bem inferior à redução da área. Já na Flórida, a queda na produção foi bastante expressiva, tendo como justificativa o greening e agravantes climáticos em alguns anos, como furacões e geadas.

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Na safra 2023/24, o cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro deve colher 309,34 milhões de caixas de 40,8 kg de laranjas, conforme estimativa do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) de setembro, volume 1,5% menor que o da temporada anterior. Apesar de ser uma safra com produção bastante parecida com a de 2022/23, agentes não descartam reduções, até o encerramento da colheita, considerando-se que a incidência de greening está elevada no cinturão (segundo o Fundecitrus, 38,06% das plantas da região estão com sintomas da doença), e um dos principais efeitos da doença é elevar a taxa de queda de frutos.

Além disso, ainda que a colheita estimada para todo cinturão esteja dentro da média dos últimos 10 anos, a necessidade de matéria-prima por parte das indústrias paulistas é muito elevada. Os estoques de suco de laranja estão reduzidos e a quantidade de matéria-prima que estará disponível não deve ser suficiente para permitir recuperação nos volumes armazenados. Dessa forma, permanece preocupante o cenário de abastecimento mundial da commodity, já que as exportações brasileiras estão firmes, apesar da possibilidade de nova queda nos estoques de suco em 2023/24 (junho de 2024).

A produção de laranjas da Flórida, por sua vez, deve ser baixa por mais um ano. Segundo estimativa de outubro do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a colheita da safra 2023/24 no estado norte-americano deve totalizar apenas 20,5 milhões de caixas de 40,8 kg, das quais 7,5 milhões de caixas correspondem às variedades precoces e de meia-estação e 13 milhões, às laranjas valências. Apesar de o número ser considerado baixo, ainda ficou 30% acima da temporada anterior, que foi atingida por dois furacões – o Ian (em setembro de 2022) e o Nicole (em novembro de 2022).

Além de furacões, o greening é verificado em praticamente 100% das plantas do estado, o que reduz com força a produtividade e eleva os custos de produção e, portanto, deixa a cultura menos atrativa. Neste ano, a estimativa é de que a produtividade por planta seja de apenas 0,49 caixa de 40,8 kg por hectare – como comparação, a média do cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro para 2023/24 está prevista pelo Fundecitrus em 1,83 cx/ha.

É importante lembrar que o volume de colheita da Flórida é insuficiente para atender à demanda dos Estados Unidos, e, portanto, o país deve manter elevada a importação de suco – e o Brasil é o principal fornecedor da commodity aos norte-americanos. Este cenário é agravado pelos reduzidos estoques dos EUA, que estão diminuindo ano a ano.

No curto prazo, não há expectativas de crescimentos significativos na produção dos dois cinturões: em SP, caso o clima seja totalmente favorável, a produção até pode ser maior que a atual, mas não voltaria aos patamares da década de 1990; já na Flórida, os números passados só poderiam ser alcançados no longo prazo e apenas se houver a descoberta de uma planta resistente ao greening.

Cepea/Esalq

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